A RUINA DO BUÇACO
Peter
Mau grado o Luso ter umas Termas e uma Mata Nacional , afinal as mais valias do território concelhio, não tem nenhum vereador na mesa do executivo camarário , uma mesa imposta, não escolhida , mas que mereceu o apoio de quase metade da população deste município naquilo a que se chama urnas. Podemos afirmar que os donos do partido vencedor escolheram bem, feitas as contas o método de Hondt, a única contagem do processo funcionou e abstenção e votos nulos acertaram a verdade dos números em minoria absoluta para convencional maioria.
É precisamente destas habilidades políticas que eu gosto de falar, fugindo á pasmaceira duma democracia prenhe de partidarite aguda , moléstia febril de ambição e de cobiça que perpetua o poder indefinidamente e não permite ao cidadão a liberdade de aceder aos lugares de gestão politica a que efectivamente teria o direito de concorrer, livremente e fora de geringonças.
De deputados amordaçados, a governos , municípios e órgãos estatais, tudo está controlado pela peste de mafias partidárias , trancadas as portas que dão acesso a esse mundo ao cidadão comum, aquele que não concorre sórdida e subserviente pela porta da seita do cartão. Uma democracia coxa e mutilada.
Dizia Winston Churchill que o sistema democrático era mau mas o melhor de todos, mas o nosso, apesar de mau, não será com certeza o melhor de todos, estará longe , pois a uma ditadura salazarenta sucedeu em poucos anos uma ditadura de partidos que despicam entre si , sem civismo e transparência , as cadeiras do poder. O cidadão, cuja única acção no processo de eleição se resume a votar num partido que já escolheu as pessoas, pessoas que não conhece e nunca viu, é o braço dum robot que , manipulado por anti-democratas contumazes, apenas vai confirmar o que está de antemão decidido pelo supra-sumo dum chefe. Isto, que se iniciou em relação a deputados, desce hoje ao poder local, freguesias e municípios. Nos grandes sítios, são desconhecidos, nos pequenos são promotores do processo, meia dúzia de ocupantes estratificados em listas, rotinados na manipulação dos correligionários, apoiantes, interessados e alguns patetas ocasionais que aproveitam o ensejo do lusitano ego para semear traficâncias. Coisas que não sendo crime são factores negativos no imbróglio de favores e contra favores da nossa duvidosa Demo Kracia.
Do grego, Demos (povo) e Kracia (poder, governo) , o presidente americano Abrãao Lincoln simplificou a questão para “governo do povo, pelo povo e para o povo”, o que hoje nos faz rir , e se bem que os próprios helenos livres se resumissem ao cidadão da polis ou cidade estado , o filosofo Sócrates, um defensor incansável das ideias democratas, foi por ela própria condenado á morte e executado. Era um democrata original e honesto.
Mas retomando o fio á meada inicial , o Luso, apesar de não ter ninguém no executivo municipal , vergonhosamente em quatro eleitos três são da mesma freguesia , um até do partido inimigo, o que diz bem dos arranjismos político-partidários e processos democratizantes dos nossos representantes locais ou das jogadas escuras que se fazem na sede do município , o Luso , dizia, teve ganas de voltar à última Assembleia Municipal dar a sua opinião sobre o estado da ‘nação’ para ouvir em voz velada respostas esfarrapadas livrando água do capote. No caso do Bussaco, ouviu-se que o assunto não é com ela, Câmara, porque afinal não é ela que paga cinco mil euros mensais devidos ao gestor da fundação, nem terá sido a Câmara a convida-lo por escolha arbitrária e pessoal. Pergunto-me se fui eu e nós munícipes que decidimos contratar os funcionários, juntamente com a quantidade de assessores arregimentados sem concursos e pagos com o erário público. Aos do Bussaco pagamos desde que a autarquia entendeu subsidiar o Estado propondo-se substitui-lo nos custos da Mata Nacional , com publicação em Diário da República , retirando as verbas do bolo do munícipe. Para alguém que não é deste município, como outros. Teremos sido nós, que não tivemos palavra?
Na cegueira da cidade, a ambição, o desprezo ,o compadrio a cobiça e a vaidade deram lugar á irresponsabilidade das politicas erradas que perseguem e cujo resultado se vê na destruição e ruina dum património florestal valioso e na inércia e falência dum património económico social único no território., as termas, fontes e recurso de parte significativa da nossa população, que deixaram de o ser. Com o aval e silêncio dum poder municipal que ainda não percebeu o território e como tal o tem administrado através duma gestão anacrónica e sem estratégias. Colocaram nas estradas municipais as estruturas da fuga da riqueza até aos confins da cidade polaca de Cracóvia sem acordos compensatórios e a fase terminal do complexo termal passa ao lado da comodidade duns eleitos apostados em fazer festas e festarolas enquanto o território dorme abandonado ao improviso da mesquinhez de interesses.
Quanto á Mata Nacional, se não tivessem subtraído ao Ministério da Agricultura a sua gestão, estaria inequivocamente recuperada e a caminho da sua definitiva requalificação após o temporal que a destruir há cinco anos. Sempre assim aconteceu e já foram muitos os vendavais , mas foi preciso a autarquia meter-se no que lhe não pertence, quer em propriedade ,quer em meios ,quer em sentido critico , para a ruina do presente acontecer.
Razão e conhecimento tem o munícipe que esteve na Assembleia, mas o que lhe fazem os eleitos é passar uma cruz por cima como inimigo público e figadal! Não é cruz de sambenito no entanto é uma cruz com as mesmas intenções , só os tempos mudaram.
São estas politicas erradas e anacrónicas num município cada vez mais mesquinho e paroquial que o fazem adormecer numa paz podre , mantida pelos jogos de influências e pela rotina de gente que está á tempo de mais numa zona de conforto a esgravatar em milho hibrido sem resultados á vista.
Luso, Março, 2018