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______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

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09
Mar19

ALEXANDRE ALMEIDA E O BUÇACO


Peter

bus1.jpg

Alexandre Almeida nasceu na Lameira de S. Pedro, Luso, em 1885, filho de Isidoro José Ferreira e de Maria da Conceição de Almeida. A família possuía nas Termas a “Casa Aliança” desde 1875, um estabelecimento comercial destinado a servir aquistas e nativos com uma larga variedade de produtos. Na sua juventude assistiu á construção do Palace do Buçaco e já adolescente ao inicio da actividade hoteleira pelas mãos pela mãos de Paul Bergamin um suíço que explorava o Hotel da  Mata e a albergaria “Chalet Suisse” e o restaurante da estação da Pampilhosa, onde atendia turistas e termalistas que se encaminhavam para o Luso-Bussaco.

Quando tomou conta da Casa Aliança a estância termal e a Mata estavam na moda e o seu caminho passou pela modernização do negócio aberto a  nacionais e estrangeiros. Instala no local a primeira máquina de café da região, a qual possuía um apito accionado por vapor de água avisando os cliente da frescura do café. Cria a secção “Suiça no Luso” onde vende artesanato helvético com legendas locais, como “Souvenir do Luso”, “Souvenir do Bussaco”importando o material directamente para a estação de Pampilhosa. É o primeiro cidadão do distrito de Aveiro a comprar um motociclo, indicio dum interesse posterior por veículos motorizados.

A sua vida na hotelaria, segundo a história da família, começa por um convite de Bergamin em 1916 para se juntar a ele e fazerem uma gestão comum do Hotel do Bussaco. Mas Alexandre tinha da industria do turismo uma visão avançada e via potencialidades para ir  em frente num caminho criativo e de desenvolvimento enquanto Begamin, desactualizado, optava por uma gestão caseira ou de merceeiro, gestão de gaveta aberta sem despesas nem receitas. Esta gestão doméstica levou o suíço a queimar no forno da cozinha a “livralhada” das contas o que levou Alexandre a virar as costas ao acordo. Em 1917, incapaz de segurar o barco, Bergamin reconhece a sua incapacidade e entrega a gestão da casa ao ex-sócio que lhe dá o nome de Palace Hotel do Bussaco por escritura de 20 de Março de 1920.

Acto importante na área do novo empresário e igualmente na história da hotelaria em Portugal, pois o Hotel começa por figurar como o melhor do país, e dos melhores da Europa e do mundo.

O sonho de Alexandre Almeida concretiza-se. O castelo e paço capaz de receber com luxo uma clientela exigente capaz de pagar um produto de alta qualidade abre-se pela primeira vez num país que o não tinha e que o exemplo do Bussaco veio abrir e ensinar a Cascais, Estoril, Sintra e poucos mais locais de então. Um hotel de charme que tem funcionado ininterruptamente nas mãos de um dos primeiros empresários  do sector em Portugal.

Foi esta unidade, única do país, que o sábio presidente da câmara deste município procurou e procura destruir. Melhor seria ir destruir a terra dele.

 

 

                                                                                                                  

 

01
Ago08

FORMOSA MATTA


Peter

 

                                                                                                                                

   

                           

   BUSSACO,UMA FORMOSA MATTA    (carta)             

 

  Meu amigo. Conheço o Bussaco há largos anos, e não só a cerca dos carmelitas mas também a cinta de povoações e logarejos  que o circumdam e lhe matizam as faldas. Luso e Bussaco foram em tempos já remotos o centro das minhas digressões e o retiro das minhas férias grandes.

   Mas fazem differença as duas epochas; cinco lustros de intervallo alteram tudo radicalmente. Luso é hoje uma aldeia elegante, o Bussaco uma formosa matta modelo;

e noutro tempo a primeira era uma pinha de cabanas toscas afogadas em viçosas searas, o  segundo uma floresta espessa de sombras crepusculares. Os mesmos banhos tão afamados parecem outros; vemos um palacete  em vez d’uma choupana, tinas de mármore, para onde jorram as aguas por torneiras de bronze, em vez de tanques de madeira, onde brotavam espontaneas  as lymphas salutiferas.

  Levanta-se também hoje um soberbo obelisco , comemorando as glorias do nosso exercito em 1810; mas o monumento que as recordava era dantes a capella das Almas, destelhada pelas explosões e esburacada pelas balas.

  Quando me dirijo ao Bussaco pelo caminho de ferro da Mealhada ou em commoda carruagem pela estrada de macadam , em vez de me bifurcar na alimária asinina que noutros tempos me conduzia por máos caminhos e íngremes ladeiras, ainda assim, apezar das commodidades que gózo, lembro-me com saudade dos incommodos preteridos, e quasi que prefiro a antiga rusticidade do povoado , a matta fechada e a capella- monumento.

  E porque será assim?!...Será pelos perfumes da mocidade, que então me inebriavam a alma, pelas tintas mimosas que me coloriam o quadro da vida?...è por isso, é. E a montanha também era nova, assim como a aldeia. E parece que envelheceram ambas. E que as enfeitaram e arrebicaram para lhes disfarçarem as rugas senis!...

   Quando saímos da cidade para viver vida montezinha, parece-me contrasenso transportarmos connosco os palácios e regalos urbanos; e , peior ainda, abatermos as arvores seculares para desbastar o caminho ás traquitanas de luxo. Uma casa nobre numa várzea de milho não é menos desproporcionada que uma casa de colmo em calçada sumptuosa; o desequilibrio é o mesmo. E derrubar as florestas  e desfazer as sombras, entornar o sol no intimo recesso dos bosques é desacato capital, que a razão reprova e o bom gosto condemna.

    E fui-lhe falar em bom gosto… Não há coisa mais avessa ás obras modernas do Bussaco…Cricificaram-no, coitado, depois de o terem arrastado pela via da amargura. A Fonte Fria foi o seu calvário.

  (  Gomes de Abreu ,carta dirigida a Augusto Mendes Simões de Castro, 1847, Guia Histórico do Bussaco, Coimbra, Imprensa da Universidade,1875,Grafia original ,titulo adaptado pelo autor do blog )

 

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