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______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

16
Set14

A SAGA DO BUÇACO


Peter

A saga do Buçaco continua com a escolha dum terceiro gestor da fundação, tarefa que coube á autarquia da Mealhada definir. Depois de duas experiências com dois excelentes presidentes, acreditando nas palavras dos edis em posses anteriores, eis um terceiro igualmente adjectivado e com enorme percurso curricular. Uma rotina.

Respeitando as pessoas e a sua boa vontade, como cidadão desta pequena freguesia, mas sobretudo como cidadão do país, fica-me a dúvida não só sobre a eficácia do mando como sobre os motivos que levaram a Mata Nacional do Buçaco á degradação em que se encontra desde que o Estado se demitiu das suas obrigações e a deu á curiosidade duma gestão alheia. Será que a Câmara pretende fazer experiências até á sua delapidação total? Um Buçaco cobaia, como tem vindo a ser, é um atentado ao património classificado e á cidadania.

Excluo a delapidação natural do vendaval, não foi a primeira nem será a última, mas sim delapidações como a sua não recuperação, o fim do quadro de Josefa de Óbidos que ardeu exposto á intempérie e sobre o qual não há responsabilidades apuradas. E onde estão a conservação, a limpeza, a reflorestação, a qualidade das gestões enaltecidas? Ermidas em ruinas, muros no chão, silvas progredindo, caminhos rebentados, portas por reconstruir serão exemplos? E a incapacidade de resolver uma questão como a estrada da Cruz Alta, intransitável em plena época turística? Pergunto enquanto cidadão se alguém responde pelo património, e a resposta é não. É evidente que não há responsáveis, entram e saem, não são sequer eleitos, são apontados de boca e ninguém lhes pede contas pelos actos praticados. Chega de experimentações, de ensaios, de irresponsabilidade, a Mata corre sério perigo!

Por várias razões, este modelo de gestão não serve ao Buçaco, o primeiro dos quais reside na propriedade do bem, o Estado. A Mata é Nacional, é á Nação que compete gerir o espaço, ser por ele responsável e por ele responder. Só num país sem sentido de Estado, como é o Portugal destes tempos, isto pode acontecer. Medida por princípios onde falta ética e seriedade política elementar, é uma tolice para a autarquia esta precária fundação.O município não tem massa crítica nem dimensão que lhe permita fazer gerir um espaço maior que os seus limites culturais, como no caso do sapateiro, a autarquia quer ir além da chinela e o resultado está a vista. Em vez de se regozijar com uma alteração estatutária que em Abril lhe abriu as portas para gastar o dinheiro dos eleitores no Buçaco, a autarquia faria melhor intentando uma acção contra o Estado que se demitiu de o fazer pelo mesmo decreto-lei retirando a sua contribuição anual com verbas do orçamento. Cabe agora à Câmara fazê-lo do seu próprio bolso, liminarmente, substitui-se a obrigação estatal pela cegueira da ambição autárquica! O legislador aproveitou e estendeu o anzol! O dinheiro dos munícipes a ser gasto num bem que não lhes pertence! Entre outras, esta será a última das razões porque o modelo está errado e feito em prejuízo dos habitantes deste concelho.

Se ao orçamento da autarquia, se retirar o que o Buçaco necessita de investimento de curto prazo para uma séria recuperação, a Câmara corre riscos de ter que fechar as portas, o dinheiro não chega e ponhamos já de parte o património da Unesco e em causa a independência do gestor! À falta de mecenas, nem uma dúzia de orçamentos, nem uma dúzia de anos, chegarão para concluir o processo do pedido de adesão. No mínimo!

Pegue-se onde se pegue, não se vê qualquer vantagem no modelo e os resultados obtidos são lamentavelmente maus, quer considerados em termos de qualidade do espaço, quer no contributo turístico que já proporcionou ao Luso e ao Buçaco em tempos. Também a real despromoção para municipal, em termos de credibilidade do recurso turístico vai trazer menos valias. A mulher de Cesar não pode apenas parece-lo!...Uma derradeira questão em relação ao edifício do Palace cujo usufruto e conservação pertencem á fundação. Quanto á receita nada a dizer, mas quanto aos custos das obras de manutenção necessárias?

Serão para o munícipe concelhio pagar?                              Luso,Setembro,2014

  

12
Set14

SACO BUS...


Peter

 

Já não és Saco Bus  Buçaco amigo
esganou-te a gola o vento  e o trovão
pior porém que os deuses , de inimigo,
o homem fez de ti experimentação
 
na prática és um órfão  e partido
rebatizado em nome sem razão
teu cerne é um passado destruído
entregue a  uma madrasta afundação
 
o templo ruiu pelas arcadas
esquecidos ocupantes seculares
de José foi-se o cedro e pinceladas
 
arderam de Josefa nos altares
e á Cruz Alta se acede não por estradas
mas por crateras fundas e lunares.
 
  
07
Set14

ETIMOLOGIA DE BUÇACO


Peter

 

 A Ermida do Sepulcro  assenta os seus alicerces sobre rochas compactas  que caiem abruptamente sobre a encosta da serra formando pitorescos recantos  seguindo o desenho destas estruturas básicas. Aqui uma pequena gruta, ali uma saliência que alberga uma vista peculiar, acolá um abrigo de exuberante vegetação. Mas na parte posterior da Ermida que pende para as Portas de Coimbra  a uma loca maior se dá desde tempos antigos o nome de Gruta ou Toca do Negro. Diz a lenda que os séculos forjaram , que em tempos imemoriais ali procurou segurança um negro salteador  que aproveitando as noites escuras da floresta partia em demanda de bens sobre as aldeias vizinhas ou sobre exemplares dos rebanhos qque subiam a montanha na procura de melhores pastos.

Uma segunda versão da história chama ao mesmo local a Cova ou a Toca do Boçal, aqui retirando a cor negra da pele ao bandido que de igual moda assolava as aldeias vizinhas provocando os mesmos efeitos. Retirado o negro da história, eles só chegaram á Europa no séc.XV , a etimologia andou para trás no tempo , acertou-se com as gerações até ao século X  e o nome Bussaco atribui-se então ao termo Boçal. Dele terá , através de várias transformações semânticas, surgido Bussaco. Mas eis que uma nova versão etimológica romantiza ainda mais o assunto, agora afirmando que um velho e bom homem  nascido nas redondezas da serra, a costumava frequentar  tornando-se asceta por conta própria e deixando o seu povoado e o seu lar embrenha-se em penitência pelos bosque do Bussaco de comunhão com um rigoroso jejum , abstinência e oração.No regresso, perguntando-lhe  vizinhos e familiares  sobre o que vira no ermo, o velho, cofiando as barbas esbranquiçadas que lhe chegavam seguramente  ao tornozelo, erguendo as mãos ao céu balbuciava como se fosse  uma prece”…daquele monte saco bus”. E repetia”…daquele monte saco bus…daquele monte saco bus…” Sucessivas repetições e arranjos ortográficos e fonéticos chegaram  ao actual Buçaco.

Finalmente a última versão para esta etimologia complicada aponta  o lugar de  Sublaco, perto de Roma e onde S.Bento passou três anos em rigorosa penitencia formando a Ordem dos Beneditinos, a origem do nosso Buzzaco, Buzaco,Bussaco e hoje Buçaco derivado aqui do dito Sublaco , que ainda hoje existe.Esta derradeira teoria  era defendida pela poetisa Bernarda Ferreira de Lacerda que no seu livro” Soledades do Bussaco”, diz:

 

En aquele siglos de oro

E venturosas edades

Qual el de Lacio Sublaco

Solia el monte llamarse

 

No ano de 919, num documento em latim bárbaro, surge o nome Bussaco numa doação do lugar de Gondelim feita por  Gundesindo e outros ao mosteiro de Lorvão que  diz:”…com suas valles que discurrunt de monte Buzaco”     ( Portugalie Monumente Historica,vol. 1 pág. 14)

 

No ano de 974 ,num testamento transcrito da mesma obra , lê-se”…Inter uimeneirola et barrio ripa vacariza suptus mons buzaco.

 

Noutro testamento de 1002 , lê-se :…” in loco predicto  vacariza  subtus monte nuncupato buzaco…”

 

Remontam aos mais antigos documentos escritos respeitantes á região  , diz Frei João do Sacramento” …um pico ou cume de sorte elevado que descobre , e é descoberto de grande parte do reino.

 

Alberto Pimentel, um poeta da floresta sagrada pôs em verso uma versão da história.Ei-la:

 

Não havia em toda a terra

Como aquele,um santo velho

De mais prudente conselho

De mais pio coração!

No seu doudejar sem tino

Quando o mundo o enfastiava,

Lá se ia o peregrino

A viver na solidão…

 

O que ele dizia aos troncos

D’essas árvores gigantes

Nos muito doces instantes

Do seu meditar ali

Ninguém o sabe,mistérios!...

Se não podemos sabe-los,

Não posso eu escreve-los

Nem relata-los aqui…

 

No meio da espessa mata

Tinha ali a sua ermida

A chama-lo á santa vida

Dos que vivem para Deus…

E o seu corpo já cansado

Ganhava força e alento

Sentindo a bênção dos ceus!...

 

Se o corpo ganhava tanto

Naquela tão doce calma,

Muito mais ganhava a alma

Da solidão no crisol!

Que o velho na sua ermida

Passa uma existência santa,

Desde que o sol se levanta

Até que se extingue o sol!...

 

E quando voltava ao mundo

E descia ao povoado,

Vinha o velho tão mudado

Tão airoso!Tão gentil!

Que agente pasmava ao vê-lo

E rezava o padre nosso

Vendo o velho feito moço,

O gelo tornado Abril!...

 

-Remoçaste! Vens mudado!

Tens mais pretos os cabelos!

Os olhos luzem mais belos!

Que diferença! Jesus!

Tem condão a tua mata!...

Então o velho sorria

A quem falava,dizia:

-Do meu monte-saco bus.

 

Cre-se que destas palavras

Duma santidade estranha,

Veio á sagrada montanha

O nome que hoje lhe dão

De Bussaco! Por memória

Daquele santo tão velho

De tão prudente conselho,

De tão pio coração…

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