Para finalizar a série de poesias respeitantes aos
jogos florais da Emissora Nacional de 1949,realizados
no Buçaco, aqui fica um poema cujo tema era
alusivo ao próprio local onde foram realizados .
Este trabalho recebeu o segundoprémio do concurso.
ALEGORIA DA FLORESTA SAGRADA
Eis-vos ainda,ó águas da corrente
Que banhava as raízes de Evilath...
Como se a Fonte viesse, eternamente
Do Fison,à planície de Evilath.
São ainda estes cedros os primeiros
Que deram sombra aos olhos da Mãe Eva...
E são ainda os troncos verdadeiros
Das primitivas árvores da treva.
Terra virgem de lágrimas doridas
Que os ohlos inocentes não choraram...
Ò folhas da floresta sacudidas
Pelo vento das ondas que pararam!
Ó àrvores da noite que morreu
Na distância do mar que o luar banha,
Dizei-me,em qual de vós deixou Orfeu
A lira de oiro, aos ventos da montanha?
Da Serra, aos longos vagos da planície,
A música de Orfeu é onda e cor...
E lá onde a distância for maior,
Mais longe abrange a sombra de Euridice.
Já no silêncio acorda a voz de Pan
O seu grito satânico de origem.
E da Cruz Alta aos raios da manhã
doiram toda a floresta de luz virem.
Portas do Céu,Portas do Sol, abri-vos!
Soltai Ninfas, Centauros e Naíades,
E deixai-nos cantar novas saudades
E o puro amor dos mortos e dos vivos.
Venham também, entre clarins e guerra,
Lusitanos espectros, e galopes
De cavalos galgando o Céu e a Serra.
Montados por fantasmas de Ciclopes.
Cale-se ao longe a velha voz do oceano!
Erga-se, à luz , o sangue das batalhas,
Que vai passar o peito lusitano,
Constelado de sóis e de medalhas!
E tu,montanha;e vós, deuses pagãos
Da Floresta Sagrada; e vós,ó naves
De penumbra,onde acordam cantos de aves,
Ajoelhai o silêncio!...erguei as mãos!!!!
(Duna de Castro)