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______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

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27
Jul11

BUÇACO;UMA FLORESTA NEGRA


Peter

 


 


 

A floresta faz parte da despedida. Talvez seja até a despedida a fazer parte da floresta. Há uma certa empatia entre uma coisa e outra, entre o berço onde se nasce e o berço onde se morre, entre os aromas da infância e perfumes das tardes nas horas crepusculares. Por isso se me abre o apetite de deambular improvisamente entre as veredas das árvores, ou as árvores das veredas, trocando os termos acho que o conteúdo acaba por ser o mesmo, pelo menos aquele que verificamos dentro de nós. E constata-se que também os bosques tem manhãs radiosas, manhãs menos radiosas, horas crepusculares e outras coisas mais que podemos viver e saborear nas deambulações de crentes e amantes da natureza lar. E morrem, tanto por descuido do homem, como pela infestação viral ou por um acidental incêndio provocado pela própria natureza mãe. Claro que isto não é novidade nenhuma, a matéria é tal e qual como a vemos, não é outra coisa senão a realidade da nossa própria visão e caso se dê o caso da nossa visão ser uma visão errada, ou insuficiente, podemos não ter acesso a toda a realidade. É sabido que não temos acesso directo a imagens de raios x ou raios gama ou a ondas de rádio e no entanto elas existem. Um daltónico não tem acesso á cor, e ela aparece aos outros com gama de cores que nem a paleta dum pintor consegue reunir.

Subi assim ao Buçaco para simplificar ,há por aí quem o faça diariamente, não é o meu caso, e sempre que o faço venho mal contente com o estado da Mata. Entristecido. Entristecido com o amadorismo e inconsciência posto pela chamada fundação, a que galhardamente chamo afundação , no tratamento daquele espaço. Conheço-o á tantos anos como aqueles que tenho e a verdade dolorosa é que nada ganhou com a gestão pseudo camarária em que está metida ou afundada.

Parece haver ali um regimento de gestores ou mangas de alpaca e nenhum jardineiro, como aliás parece suceder com as forças da policia nacional, onde noventa coronéis não conseguem pôr ordem num pequeno país quase diariamente assaltado por explosões no multibanco, quer na via pública quer em instalações apropriadas, conforme recentes notícias da imprensa.

Uma herança de Sócrates? Não só. Este país é assim, precisamos de comandantes, de generais, de administradores, de políticos profissionais, de heróis, de santos e claro, de oportunistas. Afinal de quem comande para nada se comandar. Basta existir o posto, a ideia, o lugar, o benefício, o soldo? É quase a realidade, eu diria que é a própria alma lusa, coisa vinda dum passado de improvisados fidalgos, morgados e capatazes, uma hierarquia conservadora e obscura e a fatalidade sempre a abater-se sobre quem endireita o dorso e põe a massa a pensar. Leiam a História!

Tanto dá para manter a ordem na desordem como para levar a pátria ao lixo nas avaliações actuais, ainda que os avaliadores sejam igualmente lixo, avaliadores que avaliaram o lixo das sub primes como lixo de valor e avaliam os palermas dos países que lhes pagam como o rasca e mafioso lixo que inunda de vez em quando a cidade de Nápoles, a ponto de lhe fazer interromper o trânsito por semanas. Mas isto é obra de legisladores e políticos, não é obra do cidadão não doutorado em inócua sapiência.

Vem a propósito aquela história pertinente dos trabalhadores autárquicos de quem se diz pouco fazerem. Nunca chegaremos a saber se quem o diz é mais sério e diligente, mas como reza por aí o anedotário português, quando rebenta um cano de água são três ou quadro funcionários em volta do buraco observando o único que trabalha de pá e pica na mão! O mal, se existe mal no basismo desta cultura, vem de cima, de quem gere e ganha rios de dinheiro para dirigir. Se não dirige, como pode exigir que quem não ganha para comer não se escape igualmente aos seus deveres?

Também o quadro de pessoal da dita afundação , como muitas outras que por aí há (e não sei se mandam embora os funcionários públicos antes de acabarem com estes  compadres !) terá mais mangas-de-alpaca que jardineiros, supõe-se mesmo que jardineiros não tenha nenhum, a não ser que os presidiários tenham tirado entretanto algum curso simplex e já tenham diploma.

Neste faz de conta de oportunismo deficitário se afundam estas fundações apadrinhadas por partidos e entregues á total incompetência e falta de bom senso, já não digo sentido de estado, de grande parte dos eleitos, a quem se atribui tantas vezes, como último recurso das incapacidades, a boa vontade e ser um ‘gajo’ porreiro. Porreiramente se tapam uns aos outros como se fossem um bando organizado, não de ocasionais e conscientes defensores do bem comum, mas de incessantes polícias de costumes e controle do hipotético futuro dos votos. É um ciclo vicioso que alastrou na democracia á portuguesa!

Os reclusos terão já o seu posto de jardineiros, não se sabe, mas mesmo assim, tirando os locais de passagem obrigatória mais ou menos limpos, tudo o resto deixa muito a desejar. Para não falar da serra onde os azevinheiros, segundo recente notícia da Querqus , foi e continua a ser delapidado sem apuramento de responsabilidades.

Parece que o adjudicatário do corte das árvores será o culpado, a gestão afundadora, essa, politicamente correcta, não terá nada a ver com o assunto.

Bom, também já estamos habituados. No processo das sucatas só há um bode expiatório á espera de julgamento, o sucateiro. O resto, são um purgatório de almas ingénuas e santas. Ámen!

Julho, 2011.FS


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