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______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

31
Ago17

ERMIDAS AO ABANDONO


Peter

interior buçaco.jpg

Abandonada e  totalmente aberta e ao dispor dos

visitantes, a Ermida do Calvário , na Via Sacra do

Buçaco apresenta-se num estado de degradação

continuada com o património existente á completa

mercêde de quem chega.

Nada resta de imagens ou outros adereços da

ermida que foi consagrada pelo bispo de

Coimbra D.Manuel de Melo em 1694,  3 de Outubro,

com procissão e missa.

Uma vergonha para o Estado Português que entrega

o património a fundações cuja incapacidade está 

a vista de toda a gente mas que ninguém procura

salvaguardar da destruição e da ruína.

Era bom que se entendesse a farsa política que 

está por trás desta delapidação do património

pátrio e se deixasse de brincar com

a herança comum.

 

30
Abr15

A BATALHA E O CONVENTO


Peter

DSC_0203[1]

E m segunda edicão com o apoio da Câmara

da Mealhada e a chancela da  Editora Minerva

de Coimbra, reaparece  no mercado o livro

"Bussaco A Batalha e o Convento",um  ensaio

 que aborda os sucessos ligados à invasão

juntando militares, religiosos  populacão 

nos dias conturbados que  se viveram  em 

Setembro de 1810.

 

14
Fev15

SERPA MACHADO


Peter

Manuel_de_Serpa_Machado.png

 Imagem de Manuel Serpa Machado,

dos primeiros salvadores do Bussaco cenobitico. 

 177- UM AMIGO DO BUSSACO E A PORTA DO SERPA

 S ão incontáveis os amantes do Buçaco desde a sua criação até aos nossos dias. Desde os primeiros construtores, aos habitantes, aos visitantes, aos residentes, aos presos, aos namorados, aos merendeiros, muitos foram os que gostaram da floresta e é bom que continuem, pelo menos aqueles que amam a botânica, o ambiente, a tranquilidade, o repouso, a reflexão, o silêncio, os poeta e os pensadores, se entretanto financeiros, economistas, oportunistas, políticos, e outra gente incapaz de compreender que um bosque ou uma floresta é, como dizia Vítor Hugo, uma catedral onde os rendilhados humanos são bordados da natureza, não destruírem irresponsavelmente um bem dum país com alguns séculos de vida , às vezes de corajosa manutenção.

Vem isto a propósito de relembrar Manuel de Serpa Machado, um desses apaixonados que em 1836, dois anos depois da extinção dos conventos já visitava o Bussaco. Após a saída dos frades a Cerca ficou aberta á devassa de toda a gente, baldio sem dono nem senhor, já que o reino, a quem competia como hoje ao Estado zelar pelos seus pertences, se eximiu ao cumprimento das suas primordiais funções. Muros no chão, árvores mutiladas, ermidas saqueadas, caminhos invadidos. A meia dúzia de egressos que sobraram do convento por não terem lugar para onde ir, ficaram a vigiar voluntariamente o espaço, mas sem qualquer pagamento ou autoridade que lhes desse o crédito preciso para se impor, não eram suficientes para impedir o prejuízo.

A Serpa Machado, como ao nosso ex-moço Francisco, um dos egressos, doeu o coração e iniciou uma campanha de sensibilização junto de amigos e companheiros políticos o que levou as cortes, depois duma intervenção de Costa Cabral, então deputado, mais tarde ministro, a alterar a situação com a retirada do mosteiro da lista de bens á venda e de imediato em 1938  se procedeu à nomeação de Frei António de Santa Luzia, o último prior do Convento, para administrador da Mata sem pagamento de renda mas com o dever de reparar os muros derrubados da cerca que por essa altura tinha duas entradas, as portas de Coimbra e as de Sulla. A seguir, reconhecendo que as duas portas existentes eram insuficientes, promoveu Serpa Machado a abertura duma pequena porta, pouco mais que um postigo, a juzante do vale de S. Silvestre para dar acesso mais cómodo e mais rápido á aldeia do Luso, por onde se passou a fazer a maior parte do movimento. Esta porta, enquanto existiu, duas dezenas de anos, ficou assim denominada por Porta do Serpa.

MOSTEIRO 875.jpg

 Imagem  do Mosteiro, ao tempo de Serpa Machado

 

Este homem, amigo desinteressado da Mata, nasceu em 1784 na freguesia de S. João das Areias, Stª Comba Dão. Foi professor de direito na Universidade, par do reino, vice-presidente das cortes e participou nas conhecidas constituintes de 1822, e como amigo que foi, foi igualmente o primeiro a retirar a Cerca e o Convento das garras dos vendilhões. Levando a cabo uma acérrima luta a favor do património monásquico, Serpa Machado conseguiu sensibilizar e juntar influências capazes de retirar da lista dos leilões do reino o valioso património .

O que seria o Bussaco nessa hipotética versão, passando para a mão de intermediários, não sabemos, porém, avaliando pelo que sucede hoje em dia, fácil seria prever que a engorda de intermediários parasitas da nação, poderia ser um cenário.  

Morreu em 2 de Agosto de 1858 e está sepultado no cemitério da sua terra natal, S. João das Areias, num acerbo tumular abandonado e esquecido. Se os mortos tivessem consciência é natural que se revolvesse na urna.

24
Out13

A VIA SACRA DO BUÇACO


Peter

 

 

 A Via-sacra do Bussaco é  herança e testemunho  da Ordem dos Carmelitas Descalços e do seu Deserto ,  o único que existiu em Portugal.

   Se bem que referências antigas indiciem a existência de símbolos místicos na Cruz Alta como a existência duma cruz de madeira mais antiga é, com a instalação dos carmelitas a partir de 1628 que se começa a construir o espólio religioso que hoje subsiste.

   De Bussaco, Buzaco ou Buzacco, a primeira noticia etimológica  referente ao lugar encontra-se numa doação  de Gondelim feita por Gundezindo e outros ao Mosteiro de Lorvão,  no ano de 919 , que  situa aquela povoação…cum suas ualles que discurrunt de monte buzaco (Portugalie Monumenta Histórica,vol 1, pág.14) .

  Em 974, num testamento transcrito da mesma obra, lê-se…inter uimeneirola et barriolo ripa ribulo uaKariza suptus mons buzaco…

  Também no ano de 1002 se pode ler…in loco predicto uaccariza subtus monte nuncupato buzacco…

  A estas referências mais antigas e tendo a ver ainda com o pré-ermitério, junte-se o comentário do cronista Frei João do Sacramento referindo a Cruz Alta,como…um pico ou cume de sorte elevado que descobre, e é descoberto de grande parte do reino…

   Se dos primeiros documentos se presume o mais antigo conhecimento da serra do Buçaco, pelo menos como ponto de referência identificativo duma  região  no centro do território, do segundo, a Crónica dos Carmelitas, se deduz a abrangência geográfica da paisagem, e a mitologia, quer religiosa quer profana que eventualmente sugeria, deserto e árvores, ambiente de qualidade, como se diria hoje, mitos tão do agrado e da regra da ordem de santo Elias, que na realidade se veio a apropriar desta existência estrutural para desenvolver o seu projecto penitente.

   Construções simples de cabouqueiros de Deus, tão simples que poderiam ser tão locais como de Sula ou do Cerquedo e de outros lugarejos em redor e em  pura sintonia com o Convento. Cavadas nos rochedos, nos socalcos, nos abismos ou na vegetação autóctone, atestam a humildade do cenóbio e o espírito de pobreza absoluta iniciada pela reforma do espanhol João da Cruz na década de 1560, companheiro de Teresa d’Avila num espaço tempo de monges e de freiras a trabalhar virtudes pela garantia do céu.

   Nesta via, a via-sacra actual começou a ser desenhada e construída a partir de 1643 pelo Reitor da Universidade de Coimbra, Manuel Saldanha, como pode ler-se na lápide existente na ermida de S. José junto ao cedro do mesmo nome, o mais antigo da floresta. No início, além do rasgar dos caminhos íngremes com três quilómetros de percurso, cada estação era assinalada por uma cruz de madeira do Brasil e um pequeno dístico identificativo do passo respectivo. São vinte as estações representadas, as seis primeiras chamadas Passos da Prisão, as restantes propriamente da Paixão. Manuel Saldanha, bispo e reitor de Coimbra, no final da Via Crucis, mandou edificar uma torre circular acastelada perto da capela do Sepulcro, uma vigia ou ponte entre terreno e celeste, como devotamente se acreditava nos tempos.

    Cabe depois, na década de 90 do mesmo século, ao bispo reitor João de Melo da Universidade conimbricense, ex- Inquisidor de Évora ,a edificação de capelas e da ermida do Calvário, no complexo final da obra, constituído também pelas capelas da descida da Cruz, da Crucificação, da Ressurreição e do Sepulcro. São construções rectangulares adornadas exteriormente com embrenhados de pequenos mosaicos brancos e pretos nas esquinas, tipicidade do Buçaco, com uma porta frontal com visibilidade para o interior. Os telhados de quatro vertentes terminam em cúpula pontiaguda e uma cruz de pedra em cada topo.

   Nos inícios do século XVIII, o também bispo conimbricense António Vasconcelos e Sousa substitui as pinturas murais que ornamentavam as capelas, por figuras barrocas modeladas em barro cozido e policromo, possivelmente fabricadas por desconhecidos santeiros da região de Aveiro, figuras que foram posteriormente destruídas pela má consciência de romeiros, ao ponto de em 1888, quando do inicio da construção do palácio do Buçaco pouco ou nada restar delas. È que depois de 1834, após a extinção das ordens religiosas, o património do Buçaco passou por períodos de extrema libertinagem e grande degradação, destacando-se a filantrópica destruição de imagens das capelas por católicos devotos unidos no ódio contra o barro dos judeus. Vá-se lá entender entre os humanos a bondosa ira dos deuses!!!

Pinheiro Chagas, relata assim uma curiosa anedota a propósito da capela de Caifaz :  “os católicos fiéis, que outrora visitavam as capelinhas da Via-sacra, não diziam aos façanhudos judeus que rodeavam o Cristo: Memento, homo, quia  pulvis es et in pulverem revertis, mas diziam-lhes: Lembrem-se, patifes, que são de barro e que nós temos pedras nas mãos. Ora desta versão libérrima resultou que em todas as capelinhas existe um Cristo mais ou menos deteriorado por alguma pedrada que apanhou por tabela, mas ainda assim campeando triunfalmente no meio dum montão de cacos israelitas, o que sucede á chamada capela de Caifaz e, se por acaso o velho sacerdote ainda por lá existe, está por certo reduzido a muito menos de cinquenta por cento “

   Desta degradação tomou nota em 1874, o deputado ás cortes Mariano de Carvalho com uma proposta pedindo a reposição de novos grupos escultóricos na via-sacra do Buçaco. Coube ao Conselheiro Emídio Navarro contratar e adjudicar a obra no ano de 1887 ao ceramista Rafael Bordalo Pinheiro, então director da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, obra que se ficou pelo fabrico de cinquenta e cinco figuras correspondentes aos últimos dias da vida de Cristo e que não chegaram a ser aplicadas no Buçaco. Algumas fazem hoje parte do espólio do museu José Malhoa na cidade onde foram fabricadas, testemunhando o valor artístico da sua concepção e mostrando que foi pena que o resto, bem como a sua aplicação, ficasse no cesto da impossibilidade.

   Finalmente e para colmatar este processo quase centenário, já no século XX, o Conselho Nacional do Turismo em nova tentativa de recuperar a via-sacra, entregou ao ceramista António Augusto da Costa Motta, Sobrinho, a execução das esculturas. Foi a partir de 1938 que começaram a nascer no seu atelier em Lisboa, na Rua Damasceno Monteiro, as imagens que haveriam de constituir os grupos escultóricos em terracota que ainda hoje perduram apesar dos maus-tratos que entretanto têm sofrido.

   São essas figuras em tamanho natural representando com algum chocante realismo os Passos da Paixão de Cristo as que hoje se podem visitar a partir da chamada Varanda de Pilatos, por catorze estações da Paixão, algumas recuperadas outras não, mas são, a par do mosteiro, das ermidas, das portas, das fontes e do vegetal, um património de incalculável valor na região centro do país , um recurso turístico de extrema validade.

  

01
Abr12

ETIMOLOGIA


Peter

 

            

 

         ETIMOLOGIA DE BUÇACO E OUTRAS HISTÓRIAS

  D esde a base da capela circular de Stº Antão , isolada no alto

dum penhasco,rompe da encosta um aglomerado rochoso que para

lá da citada capela se prolonga a oriente até ao terreiro do Calvário

e do Sepulcro. Foi neste segundo ponto que resolveram os construtores

da Via Sacra  figurar o termo da chamada‘Paixão de Cristo’,

claramente os atos finais da cerimónia evocativa

representando as últimas estações, e as ermidas do Calvário e

do Sepulcro que acrescentam á simplicidade dos Passos , a penitência

dos monges.

 Sai da rudeza deste chão, alçado sobre a penedia, uma vista livre  e

abrangente de grande beleza e solenidade. A seus pés, foi nos

finais do séc. XIX e principio do XX, destruída grande parte do velho

mosteiro de Santa Cruz do Bussaco,pertencente á Ordem dos Carmelitas

Descalços, e no seu lugar construído um palácio e pavilhão de

caça para utilização do rei D. Carlos, estruturas que a realeza não

chegou efetivamente  a utilizar  e que por falta de objectivos e dinheiro

se transformaram depois num hotel.

A beleza humilde dos pobres anacoretas , retirados de Sintra pela

presença da corte aquando da escolha do local para a instalação do

deserto, foi agora substituída,cerca de trezentos e cinquenta  anos

depois, pela presumida vinda do rei com o esplendor e o rebuliço da

mesma que incluiria sem dúvida nenhuma  o aparato duma clientela

inócua, viciada e  falida, todos os que  cronicamente sobreviviam

das gamelas reais e dos impostos lançados sobre o povo e que

impediram os frades de estabelecer o deserto em Sintra quando

da sua fundação.  

Mais ou menos como hoje, segundo os  excelentese claros

relatos de Eça de Queiroz e outros testemunhos da época entre eles as

figuras de Rafael Bordalo Pinheiro, o reino balançava na mesma

vergonha e banca rota e em lutas intestinais pela mudança de regime.

O desenho do cenógrafo italiano Manini, ao invés da voluntária pobreza

e rude talha dos eremitas apresenta-se pois conforme a ostentação de

reis e cortesãos, um conjunto arquitetónico manuelino e revivalista

que iria ser construído com o apoio da escola Coimbrã ,o calcário de

Ançã e o picão de Anacleto Garcia.

A magnificência do trabalho,dos rendilhados, da azulejaria,das salas,

do pavilhão de caça ,conferiu aos trabalhos um cunho de

beleza e qualidade que veio depois a servir para a instalação de um 

dos primeiros hotéis de luxo deste país que foi pioneiro na nova

industria nascente, a industria  do turismo e hotelaria.

Para chegar a este ponto intermédio, dele não se pretende passar,

foi preciso a perspicácia, a humildade, o misticismo e a paixão dos

frades que aqui habitaram  desde a primeira metade do séc. XVII,

dotando o espaço selvagem então existente , do convento e adereços

religiosos a par do património botânico pacientemente

plantado e garantido com amor e devoção. 

Dessa recolha transporte e plantação  com plantas do novo

mundo das mais variadas espécies, está por escrever a história

e a força com que o fizeram e assumiram em missão. 

Juntemos a estes espolios  botânicos e religiosos o pedaço  da invasão

napoleónica que se escreveu nas encostas da serra e teremos á

mão o  posto perfeito para um polo importante dedesenvolvimento

turístico de que este centro de Portugal precisa ,coisa que não

tem acontecido por falta de mãos  e de cabeças e também por

excesso de oportunismos , pensamento aldeão e

sucessivas visões tão atrasadas quanto anacrónicas.

   Esta é a história breve dum Buçaco concreto , outra  história,

a etimológica, não é clara ou não existe, resume-se a lendas e

invenções sem credibilidade, não só porque não há

testemunhos dos relatos como o enredo  de que são feitos é

pobre e frágil. Mesmo assim fala-se do berço das palavras e da

sua localização e por tal motivo vou repetir com os

costumados ingredientes,  histórias que estão contadas e que

eu próprio recontei.Vamos pois relembrar.

    Entre a capela de S. Antão por onde comecei este texto e o

terreiro do Calvário ,ziguezagueia serra acima uma estreita e

deslumbrante vereda , regra geral tão mal tratada que aqui e ali

pode desaparecer no vegetal, e que pouco antes de atingir  o já

citado terreiro no Sepulcro , margina  grossas e soltas penedias  

sobrepostas que fazem nos seus remates uma espécie de abrigo

ou gruta a que a empírica ciência popular chamou Cova do Negro.

Diz a lenda, que é disso que se trata, que em tempos não relembrados 

ali se instalou um perigoso bandido de cor negra fazendo daquele covil

um ponto de permanência  e de partida para os atos de ladroagem que

praticava sobre gados e haveres nas aldeias da vizinhança e de tal sorte

era insistente e cruel nas suas arremetidas que  chamavam as gentes 

á gruta donde  partia Cova ou Toca do Boçal, sabido que era então

o nome de Boçal aplicado aos negros de cor madura, pretos retintos

para os distinguir de mulatos e crioulos.Esta palavra boçal  terá o uso

e o tempo  burilado na gramática, dando  azo a Buzaco, Bussaco e

recentemente Buçaco.

 A contrapor a esta lenda brutal temos uma outra , a do velho e bom

ancião,um venerável habitante das redondezas que, junta com a anterior 

faz uma clara dicotomia entre o bem e entre o mal. Aqui, o bom homem

habita numa aldeia por ali perto e por questões de feitio , misticismo

ou  conveniência,muitas vezes procura a solidão do monte  para rezar

e fazer penitência ,premonizando  talvez a vinda dos eremitas.

Perder-se-á dias, semanas, meses na solitária imensidão dos montes

e , regressado ao povoado, perguntando-lhe vizinhos e conterrâneos

sobre o que fez e encontrou por lá, responde lacónico:

 --D’aquele monte saco bus !

    A mesma trama gramatical recompõe  silabas, palavras e surge a

mesma proposta,o Buzzaco, o Bussaco, o Buçaco dos nossos dias.

    Por fim, uma versão mais prática e atrevida , relaciona o Buçaco

um deserto que existiu no Lácio, Itália, no qual S. Bento, o fundador

da Ordem dos Beneditinos , passou três anos em obediente e humilde

penitência.

    Deste  facto  escreve a  cortesã e poetisa Bernarda Ferreira de

Lacerda no seu  livro Soledades do Bussaco:

 En aquellos siglos de oro

 Y venturosas idades

 Qual el Lacio Sublaco

 Solia el monte llamarse.

    A titulo de finalização,  direi que a primeira referência ao nome

Buzaco aparece em latim bárbaro no ano de 919 , numa doação do

lugar de Gondolim ao mosteiro de Lorvão. Diz assim:

com suas valles que discurrent de monte buzaco. (1)

 Em 1006 ,Froila Gundizalves doou ao mosteiro Vacariça o seu casal de 

Uillanoua subúrbio colimbrie inxta monte buzzaco…(1)

 Em 1016 , no Livro Preto da Sé de Coimbra , se refere:

in loco predicto Uaccaricia subtus mons buzaco território colimbrie.

 Sobre a primeira  lenda do negro boçal, existe um belo  texto

de Alberto Pimenta,contando em versos a história do ladrão

que terá dado origem á hipotese da primeira versão do nome.

 

(1-  ) Portugalia Monument.a História,V1,pág.14

 

( Escrito de acordo com o novo acordo ortográfico)

 

                                                                                                       

 

27
Dez10

SANTO ANTÓNIO MILITAR


Peter

 

 

Santo António é de Lisboa, onde nasceu, de Coimbra, onde estudou e finalmente de Pádua onde morreu. É lá que tem á sua conta um majestoso templo na cidade, a Basílica de Santo António de Pádua.

De Lisboa, nascido nas traseiras da Sé em 1195, 15 de Agosto supõe-se, filho de Martins de Bulhões e de Maria Teresa Azevedo e foi baptizado com o nome de Fernando de Bulhões. Aos 15 anos iniciou os estudos teológicos na Ordem dos Regrantes de Santo Agostinho no Mosteiro de São Vicente de Fora, e aos 18 anos de idade chega a Coimbra para frequentar o Mosteiro de Santa Cruz onde estudou Teologia , Filosofia e se ordenou. Trocou então a Ordem dos Agostinhos pela dos Franciscanos e á mudança juntou-se mudança para casa nova, para o Ermitério dos Olivais, depois Convento de Santo António nos subúrbios da cidade. Muda o nome para António, Frei António

Por esta altura, 1219, passam por Coimbra cinco frades italianos mandados por S. Francisco de Assis para evangelizar os sarracenos. Toca ao coração do irmão a força da crença e a convicção dos evangelizadores que da capital do reino seguem para Lisboa e de Sevilha para Marrocos, onde se hospedam em casa dum cristão ali residente. Trocam as roupas seculares que lhes haviam dado na corte, pelos hábitos da ordem e uma semana depois, num dia destinado pelos mouros ao culto de Maomé, entram na mesquita da cidade e procuram convencer os muçulmanos a converter-se ao cristianismo. Tomados por bêbados e desordeiros são empurrados para a rua sob um arraial de pancadaria que os deixou mal tratados. Recompostos da aventura, vão os frades a casa do califa para o evangelizarem. Tentam converter o sultão dizendo mal de Maomé e este chama os seus soldados para que os executem como infiéis. Salva-os o filho Abosaide que havia simpatizado com a juventude dos frades e por sua intercepção acabou o califa por os mandar embora. Foram então pregar a casa do Miramolim que os expulsou da cidade.

Acontecia que por aqueles tempos andava por Marrocos o Infante D. Pedro, irmão do rei D. Afonso, no cumprimento de tratados e alianças entre os reinos e tomando conhecimento da situação levou consigo os frades para Ceuta. No caminho porém, os frades fugiram, voltaram a Marrocos e tentaram de novo evangelizar os sarracenos pregando as virtudes de Jesus contra as falsidades de Mafoma. Tentativas infrutíferas a que se seguiu uma morte trágica ás mãos do sultão e do filho, depois de terem sido brutalmente torturados e finalmente decapitados. Mas de tal forma se escusaram ao perdão que os mouros lhe propunham que se convenceram que era o martírio e a morte que os frades procuravam.

D. Pedro resgatou os corpos e trouxe-os consigo para Portugal como relíquias, sucedendo-se então uma série de graças e milagres como não podia deixar de ser, no cumprimento do ritual iconográfico português e católico até á canonização. Quando voltaram a passar por Coimbra como mártires defuntos, António sentiu no sofrimento alheio um vigoroso chamamento e impressionado pela evangelização falhada destes santos mártires, como vieram a ser chamados, em 1220 o então Frei António decide repetir a pregação precedente embarcando para Marrocos com esse fito. Acometido de doença depois de chegar, foi obrigado a regressar a Portugal, altura para uma tempestade arrastar o barco para a Sicília onde desembarcou. Dali seguiu para Assis para se encontrar com S. Francisco e em Maio do ano de 1221 vemo-lo a participar no capítulo geral da ordem.

Excelente orador e pregador, Frei António impressionou irmãos e fiéis de tal maneira que o provincial o incumbiu de fazer apostolado na região da Emília Romagna, no norte de Itália. Os seus sermões arrastaram multidões e proporcionaram-lhe algumas missões e cargos, como o de leitor em Bolonha e provincial da Romagna. Instalou-se com os irmãos franciscanos no Convento de Arcella na vizinhança de Pádua. Aí pregou e morreu.

Posta neste pé a notícia da lenda histórica do santo, vamos á lenda militar, não apenas lenda, mas ideias e factos, não só porque a sua imagem percorreu muitos palcos de guerra tendo sem dúvida motivado exércitos ou colaborado no achamento de terras e tesoiros, mas também pelo motivo com que ainda hoje colabora na procura de objectos perdidos ou é alcoviteiro de noivos nos casamentos de Santo António, a 13 de Junho, na sua terra natal, Lisboa. Coisas do foro da fé, da crença e da verdade ou mentira de cada um.

Do Militar, sabe-se que foi incorporado no tempo do rei D. Afonso VI, por alvará do irmão, D. Pedro , no 2º regimento de infantaria de Lagos em 24 de Janeiro de 1668 ainda que apareça via tradição oral, como generalíssimo de D. João IV na batalha de Montes Claros. Mas é de Lagos o registo, tal como a fiança dada por Maria Santíssima, responsabilizando-se, como o costume da época, pela deserção do recruta. Não foi preciso até hoje. Mas são tantas as datas para o mesmo santo encontradas em todo o mundo português de então, que havemos de tomar nota do primeiro assento do praça como soldado raso, o de Lagos, sem posto mas com pré, a aplicar na obra de auxilio a soldados doentes, coisa que se aplicou até hoje.

Em 1683 é promovido a capitão pelo rei D. Pedro II, depois deste de tomar posse do reino, com 10.000 reis de soldo e logo se destacou em lutas levadas a cabo em Jorumenha e Olivença á frente do regimento. Em 1762 , reinava D. José ,destaca-se de novo na praça de Almeida contra arremetidas da Espanha, permanecendo firme a sua imagem nas muralhas do forte e assim contribuindo para a vitória alcançada. Por este acto heróico, bem como pelos milagres cometidos e despoletados, foi promovido a major por D. Maria I, depois de 100 anos de capitão exemplar.

É nesta condição que aparece em 1810 ao serviço do Regimento de Infantaria de Cascais, o célebre 19 , na Batalha do Bussaco, bem como em toda a Guerra Peninsular . No Bussaco, em certa altura da luta, chegou a ser capturado pelos franceses, mas isso transtornou de tal maneira o 19 português, que de imediato caiu sobre ao gauleses, não só para resgatar o santo como para pôr em debandada o atrevido invasor, que graças a mais esta milagrosa intervenção do António, major, acabou por perder em toda a linha.

Valeu-lhe a Guerra Peninsular uma cruz de oiro e a promoção a tenente-coronel por alvará

do príncipe regente D. João, outorgado na Baía e confirmado no Rio de Janeiro então capital do reino .

A esta folha de serviço prestado na metrópole, junta-se ainda uma larga participação em guerras coloniais, mormente no Brasil onde está na capitania de Pernambuco, na guerra dos Quilombos e na capitania do Rio na captura do pirata francês Jean François Duclerc.

No Brasil, na Guiné, em Angola ou em Goa, onde foi muito venerado, teve o santo grande influência em sucessivos acontecimentos por tal motivo foi igualmente alistado e igualmente promovido por agentes locais como recompensa pelos seus serviços. Foi coronel, marechal, generalíssimo em outras ocasiões e a sua imagem, melhor, as suas imagens correram igrejas e quartéis.

Dentro deste simbolismo arreigado á tradição portuguesa, parece conservar ainda o posto de tenente coronel, não sei se na reserva se na aposentação se ainda no activo, mas quem o quiser visitar, pode faze-lo na capela de Nossa Senhora da Vitória, anexa ao Museu Militar do Buçaco e dedicar-lhe uns momentos de atenção, ou devoção.

Quanto ao santo em si, faleceu no dia 13 de Junho de 1231 com 36 anos de idade e repousa na bela Basílica de  Stº António, em Pádua, Itália.  É o santo de maior fervor popular na cristandade latina. Santo António de Lisboa, mais conhecido por Santo António de Pádua !

E porque não do Bussaco?     FS                                             

 

28
Nov07

VIA SACRA DO BUÇACO


Peter

 

 

  

A Via-sacra do Buçaco é a herança e testemunho da Ordem dos Carmelitas Descalços e do seu Deserto, o único que existiu em Portugal.

 

 

   Se bem que referências antigas indiciem a existência de símbolos místicos na Cruz Alta como a existência duma cruz de madeira é, com a instalação dos carmelitas a partir de 1628 que se constrói o espólio religioso que hoje subsiste.
   De Bussaco, Buzaco ou Buzacco, a primeira noticia encontrada parece ser uma doação do lugar de Gondelim feita por Gundezindo e outros ao Mosteiro de Lorvão, no ano de 919 , que diz…cum suas ualles que discurrunt de monte buzaco (Portugalie Monumenta Histórica,vol 1, pág.14) .
 Em 974, num testamento transcrito da mesma obra, lê-se…inter uimeneirola et barriolo ripa ribulo uaKariza suptus mons buzaco…
 Também no ano de 1002 se pode ler…in loco predicto uaccariza subtus monte nuncupato buzacco…
 A estas referências mais antigas e tendo a ver com o ermitério, junte-se o comentário do cronista Frei João do Sacramento referindo a Cruz Alta, ser…um pico ou cume de sorte elevado que descobre, e é descoberto de grande parte do reino…
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          figuras de António vasconcelos e Sousa-Séc.XVIII-Museu Machado castro-Coimbra
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 Se dos primeiros documentos se presume o mais antigo conhecimento da serra do Buçaco, pelo menos como ponto de referência identificativo na região centro, do segundo, a Crónica dos Carmelitas, se deduz a abrangência geográfica da paisagem, e a mitologia, quer religiosa quer profana que eventualmente sugeria, deserto e árvores, ambiente de qualidade, como se diria hoje, mitos tão do agrado e da regra da ordem de santo Elias.
   Construções simples de cabouqueiros de Deus, mas que poderiam ser de Sula ou do Cerquedo em sintonia com o Convento, cavadas nos rochedos, nos socalcos, nos abismos ou na vegetação autóctone, atestam a humildade do cenóbio e o espírito de pobreza absoluta iniciada pela reforma do espanhol João da Cruz na década de 1560, companheiro de Teresa d’Avila num espaço tempo de monges e de freiras a trabalhar virtudes da garantia do céu.
                                                                                                                                                                   
 
                  
                    Na casa de Pilatos-Rafael Bordalo Pinheiro-Museu José Malhoa,Caldas da Rainha
.
   Nesta via, a via-sacra começou a ser construída a partir de 1644 pelo Reitor da Universidade de Coimbra, Manuel Saldanha, como pode ler-se na lápide existente na ermida de S. José junto ao cedro do mesmo nome, o mais antigo da floresta. No início, além do rasgar dos caminhos íngremes com três quilómetros de percurso, cada estação era assinalada por uma cruz de madeira do Brasil e um pequeno dístico identificativo do passo respectivo. São vinte as estações representadas, as seis primeiras chamadas Passos da Prisão, as restantes propriamente da Paixão. Manuel Saldanha, bispo e reitor de Coimbra, no final da Via Crucis, mandou edificar uma torre circular acastelada perto da capela do Sepulcro, uma vigia.
    Cabe depois, na década de 90 do mesmo século, ao Bispo e também reitor João de Melo, a edificação de capelas e da ermida do Calvário, no complexo final da obra, constituído também pelas capelas da descida da Cruz, da Crucificação, da Ressurreição e do Sepulcro. São construções rectangulares adornadas exteriormente com embrenhados de pequenos mosaicos brancos e pretos nas esquinas, com uma porta frontal com visibilidade para o interior. Os telhados de quatro vertentes terminam em cúpula pontiaguda e uma cruz de pedra em cada topo.
   Nos inícios do século XVIII, o também bispo conimbricense António Vasconcelos e Sousa substitui as pinturas murais que ornamentavam as capelas, por figuras barrocas modeladas em barro cozido e policromo, possivelmente fabricadas por desconhecidos santaneiros da região de Aveiro, figuras que foram posteriormente destruídas pela má consciência de romeiros, ao ponto de em 1888, quando do inicio da construção do palácio do Buçaco pouco ou nada restar delas. È que depois de 1834, após a extinção das ordens religiosas, o património do Buçaco passou por períodos de extrema libertinagem e grande degradação, destacando-se a filantrópica destruição de imagens das capelas por católicos devotos.
Pinheiro Chagas, relata assim uma curiosa anedota a propósito da capela de Caifaz :  “os católicos fiéis, que outrora visitavam as capelinhas da Via-sacra, não diziam aos façanhudos judeus que rodeavam o Cristo: Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem revertis, mas diziam-lhes: Lembrem-se, patifes, que são de barro e que nós temos pedras nas mãos. Ora desta versão libérrima resultou que em todas as capelinhas existe um Cristo mais ou menos deteriorado por alguma pedrada que apanhou por tabela, mas ainda assim campeando triunfalmente no meio dum montão de cacos israelitas, o que sucede á chamada capela de Caifaz e, se por acaso o velho sacerdote ainda por lá existe, está por certo reduzido a muito menos de cinquenta por cento
                                                                                                                                                                  
                               
 
                    
                                                figuração actual, Costa Mota, Sobrinho, 1938
.
   Desta degradação tomou nota em 1874, o deputado ás cortes Mariano de Carvalho com uma proposta pedindo a reposição de novos grupos escultóricos na via-sacra do Buçaco. Coube ao Conselheiro Emídio Navarro contratar e adjudicar a obra no ano de 1887 ao ceramista Rafael Bordalo Pinheiro, então director da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, obra que se ficou pelo fabrico de cinquenta e cinco figuras correspondentes aos últimos dias da vida de Cristo e que não chegaram a ser aplicadas no Buçaco. Algumas fazem hoje parte do espólio do museu José Malhoa na cidade onde foram fabricadas, testemunhando o valor artístico da sua concepção e mostrando que foi pena que o resto, bem como a sua aplicação, ficasse no cesto da impossibilidade.
   Finalmente e para colmatar este processo quase centenário, já no século XX, o Conselho Nacional do Turismo em nova tentativa de recuperar a via-sacra, entregou ao ceramista António Augusto da Costa Motta, Sobrinho, a execução das esculturas. Foi a partir de 1938 que começaram a nascer no seu atelier em Lisboa, na Rua Damasceno Monteiro, as imagens que haveriam de constituir os grupos escultóricos em terracota que ainda hoje perduram apesar dos maus-tratos que entretanto têm sofrido.
   São essas figuras em tamanho natural representando com algum chocante realismo os Passos da Paixão de Cristo as que hoje se podem visitar a partir da chamada Varanda de Pilatos, por catorze estações da Paixão de Cristo, algumas recuperadas outras não, mas são, a par do mosteiro, das ermidas, das portas, das fontes e do vegetal, um património de incalculável valor na região centro do país.
Mais recentemente , em pleno pós salazarismo, a Mata Nacional do Buçaco foi sucessivamente emagrecendo em orçamentos , cuidados e pessoal o que levou a um estado de degradação bem patente por todo o espólio da Cerca.
   Foram desactivadas as estufas , as casas dos guardas em permanência , pouco estimados os jardins e as capelas e ermidas abandonadas á degradação permanente , não só através das condições climatéricas como de estragos perpectados livremente sobre os bens.
                                                                                                                              
                                   
                        Via Sacra-Percursos-Pormenores                                                                                               
           Inúmeros  reparos têm sido afectuados pelas autoridades locais sem no entanto até ao momento haver respostas por parte dos poderes respectivos, até porque a Mata Nacional, mercê da diversidade do seu espólio botânico, religioso, militar, cultural, passa pela mão pesada de muitos proprietários (ou ministérios )o que torna ainda mais dificil qualquer intervenção no local.
     Entre os meses de Outubro de 1998 e Abril de 2.000 houve uma intervenção qualificada feita pela Arterestauro -Pintura e Escultura , Ldª , sobre as primeiras nove capelas do grupo da Paixão, ou seja sobre o Passo do Pretório , da Cruz ás Costas,da Primeira Queda,do Encontro com a Virgem,do Cireneu,da Verónica,da Segunda Queda,das Filhas de Jerusalem e da Terceira Queda, cujo trabalho incluiu recolha dos elementos fracturados, selecção por tipologias de texturas, cor do barro espessura e formato de fragmentos e montagem e fixação dos mesmos, para lá da limpeza e recuperação das capelas , de modo geral todas elas muito degradadas.
 As nove capelas intervencionadas são constituidas por grupos escultóricos em terracota seguindo a técnica de tacelos vazados de tamanho natural, excepção feita ao Passo da Segunda Queda construido com argamassa maçica com estruturas interiores de metal , situação que resultará dum restauro posterior.
 Todos os restantes grupos foram modelados por Costa Mota Sobrinho e Simões Almeida Sobrinho entre os anos de 1938,1939 , encontrando-se o Passo do Pretório assinado e datado por Costa Mota, Sobrinho,1939.
    Já em pleno século XXI, aguarda-se uma nova intervenção sobre todo o espaço, intervenção repetidamente prometida por vários governos e hoje liderada pela Universidade de Aveiro de modo a dar ao Buçaco o lugar que deve ter no contexto do nosso turismo , arte, ciência e cultura.
    O passo seguinte, o da sua classificação como Património da Humanidade é o 21º Passo , a seguir aos da Paixão,que também urge dar sem hesitações para colocar o Buçaco no lugar certo que os portugueses tem direito e os apaixonados , devoção.Ferraz da Silva,2007/08
 

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