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______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

15
Out15

SUBI LENTO À CRUZ...


Peter

DSCN4253.JPG

Subi lento á cruz alta por promessa
que não foi feita a qualquer divindade
rasgando a floresta pouco espessa
subi subi por ordem da vontade

cansado sim mas certo da viagem
alguns degraus acima o pedestal
despeja­-nos aos pés essa paisagem
que abarca quase meio Portugal

do Caramulo á Estrela ou a Lousã
de S.Jacinto á praia da Vieira
de S.João do Monte até Ançã

de S.Romão ao Círculo à Figueira
o sol aberto á vinda da manhã
ou no ocaso o mar como fronteira. 

04
Ago14

QUADRAS SOLTAS


Peter

 

 Ainda nos Jogos Florais da Emissora Nacional em 1949

realizados no Buçaco, os prémioa atribuidos na secção

de quadras populares, foram os seguintes:

 

Primeiro prémio:

 

Não há nenhuma verdade

(Vá lá saber-se porquê)

Que chegue a valer metade

Da mentira em que se crê    

                                (Ceguinha e Amor)

 

Segundo prémio:

 

Às vezes é tão lembrado

Um mal que nos faz viver,

Que a gente,olhando o passado,

Tem saudades de sofrer.

                               (Flor Silvestre)

 

Terceiro prémio :

 

Se tu não és ciumenta,

Não sei porque te amofinas

Se as meninas dos meus olhos

Fitam as outras meninas.

                               (Emeele) 

 

Quarto prémio:

 

De tudo o que a vida ensina,

O que mais custa a aprender

É esta coisa tão simples

Que se chama-envelhecer!

                             (Simplório)

 

19
Jul14

ACONTECEU POESIA


Peter

 

 

No ano de 1949 tiveram lugar no Buçaco os Jogos Florais da então
Emissora Nacional. A transmissão da distribuição dos prémios foi
feita a partir da esplanada do Palace Hotel na noite de sábado dia
17 de Setembro ás 21,45 horas..
O programa contou com a colaboração da Orquestra de Salão da
estação dirigida por Belo Marques, a Orquestra Ligeira, dirigida por
Tavares Belo e do Coro Feminino da E.N.
A apresentação foi de CarmenDolores, Manuel Lereno, Artur
Agostinho e Pedro Moutinho e participaram ainda os cantores
La Sallet de Carvalho e Domingues Marques, a artista de cinema
Milu , as cançonetistas Luisa Maria e Irmãs Remartinez e a
fadista Deolinda Rodrigues.
No fim um baile de gala animado pela Orquestra Ligeira encerrou a

sessão. O primeiro prémio  do concurso na categoria de Poesia Lírica,

coube ao poema aconteceu poesia, assinado por pseudónimo.

Presidiu á cerimónia António Ferro,Secretário Nacional da Informação,

Cultura Popular e Turismo.

 

ACONTECEU POESIA

 

A Poesia não é

Tão rara como parece,

Na mais infima das coisas

A poesia acontece.

 

Aconteceu Poesia

Quando nos teus olhos, cor do céu,

Vi o pedaço de céu que me cabia

 

Aconteceu Poesia,

Quando as tuas mãos,numa carícia vaga,

Moldaram no meu rosto o ar de angústia

Que o tempo não apaga

 

Aconteceu Poesia

Quando nos teus olhos, cor do céu

Vi o pedaço de céu que me fugia

 

Até no dia em que morreste , Mãe,

Aconteceu Poesia.

 

       (Um Qualquer)

 

 

 

 

28
Mar13

O POETA MANUEL ALVES


Peter

 

                                                                                

  

UM AMANTE DO BUSSACO

 

 Manuel Alves nasceu no lugar de Vale de Boi, freguesia da Moita, concelho de Anadia em 15 de Outubro de 1843, filho de Constança Alves ou Constança de Jesus, ou Constança Rosa e de pai incógnito. Foi neto materno de José Alves ou de José da Quinta e de Rosa Maria ou Maria de Jesus.

  Este bilhete de identidade simples e claro dado por um Conservador do Registo Civil pode dar e não dar uma ideia clara do que foi a sua vida, mas dará certamente que pensar a quem se interessar pelos homens e seus valores.

   Reinava em Portugal D. Maria II e o contestado ministro Costa Cabral e pouco tempo depois tinha lugar a revolução da Maria da Fonte época em que o nosso poeta cresceu entre fome, servilismo, dificuldades e, á falta de escolas públicas, no analfabetismo. Talvez por isso possamos dizer que Manuel Alves, Poeta Cavador, como mais tarde se lhe veio a chamar, foi um camponês do seu tempo que usou as grilhetas que o tempo lhe doou para sobreviver. Da fome, da miséria, dos contrastes, das revoluções, mas ainda de mães solteiras, de sofrimento, dor e morte. Talvez, mas também duma centelha de inspiração e conhecimento para reconhecer-se e realizar-se na poesia.

   Por volta de 1860 já Manuel Alves tinha uma aura de fazedor de versos e era conhecido na região da Bairrada. Como diz o seu biógrafo António da Silva Neves, pequeno, pobre, de olhar brilhante, mal vestido, espicaçado por uns, picado por outros, ia tecendo o seu fadário. Desafiava quantos cantadores e poeta populares lhe aparecessem, a todos vencia. Implantava-se no seu espaço com alguma prosápia, superioridade natural advinda das vitórias nos prelos com pimpões, safardanas.

         “ Cantar é para quem sabe

            Melhor é para quem escuta…”

  Ora nesse tempo, a Romaria de Quinta Feira da Ascensão, no Buçaco, era na região a mais popular, aquela que juntava no ermitério deixado não havia muito tempo pelos frades conventuais, milhares de pessoas, não só toda a Bairrada ali caía, mas um centro muito mais dilatado e entre a caminhada, os folguedos, a feira, o almoço, a festa e até zangas e pancadaria, se desenrolava um dia diferente para toda a gente dos campos, alegre tradição que ainda hoje perdura na memória e nos hábitos de muitos.

   Era aí que o poeta, um grande amante do Buçaco, como iremos ver, debitava entre romeiros e oficiais do mesmo ofício a sua veia poética. Aí conheceu alguns amigos que lhe registaram as rimas, entre outros João de Deus, Guerra Junqueiro ou Tomas da Fonseca.

   O Professor Manuel Rodrigues Lapa, um anadiense autorizado, escreveu sobre o conterrâneo “ Há em Manuel Alves, o grande cantador da Bairrada, uma visão simples, ingénua, mas profunda das coisas da vida e dos homens, que nenhum poeta moderno soube ainda ter em grau tão afinado. As atribulações verdadeiras, não apenas imaginárias, dão á poesia desse cavador um tom rude de sinceridade, um acento de virilidade, que os nevróticos poetas de gabinete desconhecem em absoluto. Há mais monotonia, sem dúvida, nas trovas dos cantadores; o ritmo favorito e quase exclusivo é a décima; mas o que perde em variedade estrófica ganha em profundeza e generosidade de sentimentos.”

   Manuel Alves cantava de improviso e ao Buçaco, que era parte do seu chão, cantou

 

                Adeus, cerca do Buçaco

                Adeus, real portaria

                Adeus, caveira mirrada

                Serás minha companhia

 

                Adeus, sagrados rochedos

                Onde vertem tantas fontes,

                Adeus, valeiros e montes,

                Adeus, altos arvoredos,

                Adeus, musgos dos penedos

                Que servem de santo ornato

                Adeus, tremendo aparato,

                Pintura do Santuário,

                Adeus, alto do Calvário,

                Adeus cerca do Buçaco.

 

                 Adeus, torres, adeus, sinos

                 Sois música dos finados;

                 Adeus, castiçais dourados,

                 Adeus, sacrários divinos,

                 Adeus, painéis cristalinos

                 Adeus, santa livraria,

                 Adeus, Filho de Maria,

                 Cravado de pés e braços

                 Adeus, memória dos paços,

                 Adeus, real portaria.

 

                 Adeus, santo monumento

                 Da santa religião,

                 Adeus quadro da Ascensão,

                 Adeus mata, adeus, convento;

                 Adeus, Cruz Alta, que ao vento

                 Ergues a fronte sagrada,

                 Adeus, tribuna dourada,

                 Adeus altar dos missais,

                 Adeus, santos imortais,

                 Adeus, caveira mirrada.

 

                  Adeus, cálix consagrado

                  Com sangue de Jesus Cristo

                  Adeus, Herodes Ministro,

                  Adeus, ó Judas malvado,

                  Adeus, alto do senado,

                  Próprio lugar de agonia,

                  Adeus, reis da gerarquia

                  Que ao mundo dais graça e luz,

                  Adeus madeiro da Cruz,

                  Serás minha companhia.

 

Bibliografia: Manuel Alves, O Poeta da Bairrada, 1991 Anadia, António Silva Neves, edição de autor;

Versos dum Cavador, 1993, Anadia, revisão de José Ferraz Diogo , Câmara Municipal, Anadia

 FS

                

 

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