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______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

20
Ago20

BUÇACO EM MAUS LENÇÓIS


Peter

samaritana.jpg

UM MONUMENTO NACIONAL

NÃO PODE SER GERIDO POR UMA AUTARQUIA.

Ora até que enfim um sujeito que há seis anos tem mandado na Mata Nacional do Buçaco, reconhece que um património nacional não pode ser gerido por uma autarquia. Embora por meias palavras e com o secretismo habitual, sugere que algo vai ser mudado enquanto diz que sai este mês da presidência, para depois afirmar que em Novembro continua os trabalhos, não deixando perceber se neste baralho de cartas sai ou fica. O trunfo éstá na falta de transparência do costume. É estranho, quanto ao fim da comissão de serviço que aceitou há seis anos, por escolha a dedo dum presidente de Câmara , venha dizer publicamente que  um monumento do Estado não pode ser gerido por uma autarquia, quando no inicio aceitou o cargo em silêncio , nada comentou sobre o assunto, nem sobre a capacidade autárquica para o poder fazer. Depois, passou seis anos calado sobre a questão e só na despedida, se vai haver despedida, é que verificou essa falta de poder e meios. Por que razões o fez agora e não antes, não sabemos, mas que  deixa dúvidas no espirito do cidadão, deixa.

Até porque, andando de calça curta na Mata desde que seu avô foi gestor na Administração Florestal do Buçaco, deveria ter aprendido como era bem administrado  nesse tempo remoto e como é tão mal  nos tempos que hoje correm. Desde 1836, quando foi incorporado nas Matas do Reino e depois nas Matas da Republica em 1910, ambos  momentos liberais desta nação, até ao momento em que um senhor Sócrates o entregou a uma autarquia socialista, apadrinhando o ato, a Mata Nacional nunca passou por degradação igual á de hoje. Trata-se da única fundação publica a quem o Estado não dá um tostão, obrigando os pobres munícipes a pagar do seu orçamento, a gestão dum património que não lhes pertence, entregue á curiosidade de amadores da coisa pública, sem vínculos, nem saber para gerir o bem comum e imunes a qualquer responsabilização. Isto porque uma autarquia sem bom senso, aceitou  esta solução de substituir  o  Estado  quando no entender dum bom gestor deveria  processar o Estado por lhe retirar os meios  necessários para o poder fazer. A destruição começou aí, e veja-se  desde logo a incapacidade da fundação para gerir o espaço no triste desastre do quadro de Joséfa de Óbidos , avaliado em cerca de 100 mil euros, que deixaram arder na igreja do Convento. Ninguém foi culpado, ninguém foi incomodado, o caso foi abafado como se nada tivesse acontecido. Estas barbaridades, exigem apuramento e juízes, pois ninguém ali estava , nem está, a trabalhar por amor à arte. Com estes privados de algibeira, foi o que aconteceu. Imunes até aos presente.

DSC_3870[1].JPG

Não é difícil perceber o estado miserável em que o gestor, agora de abalada, deixa os 105 hectares da Mata Nacional, ao serviço duma autarquia de irresponsáveis políticos que, ultrapassando o tamanho da chinela, se disponibilizaram para gerir um património alheio, com o dinheiro dos outros, dos munícipes. Um assunto que, como no caso recente dum não precário nos serviços da mesma Câmara, deveria ser também investigado, em termos de legalidade, pela Procuradoria-Geral da Republica. Quanto ao Buçaco, abstraindo a estrada que leva à Fonte Fria, ao Convento, ao Palace Hotel, que está fechado, (?) às Portas de Coimbra e à caiação paga pela CEE das capelas da Via sacra, todo o resto está numa ruína como jamais esteve desde que os frades carmelitas destilaram os males da inquisição nas árvores do novo mundo, plantando-as ali. Basta sair dos principais caminhos e do eixo principal que é a estrada, para observar o estado de abandono a que a incapacidade do organismo e da fada madrinha, a autarquia, levou o património. Julgo que o gestor, por muito boa vontade que tivesse, não poderia fazer nada por falta de meios, mas perde as suas razões quando reconhece tardiamente, no fim da comissão de serviço, a incapacidade duma Câmara pequena e inconsciente, para gerir o património nacional. O entusiasmo com que abraçou o desafio, foi bem diferente no fim.  No quinzenário local, onde relata hoje as suas mágoas, escrevi muitas vezes o que repito aqui, a Câmara da Mealhada quer ser dona de tudo, mas na realidade só tem ajudado a destruir o seu próprio património e o que não é seu, o caso do Buçaco, das termas de Luso, da Escola Profissional, da Cooperativa Agrícola, da Adega Cooperativa, dos cafés que não consegue gerir na cidade, resumindo, as grandes obras afinal, resumem-se á compra de sucata imobiliária, incluído o cinema do Luso que tem direito a cair como as fábricas da Pampilhosa, o fim do nó ferroviário, a morte, antes de nascer, do famoso campo de golfe ou a barragem do Buçaco, agora no arquivo bolorento de uma gaveta esquecida no sótão  municípal.

carrada.jpgOutro caso fedorento, passa pela Quinta do Murtal, comprada ou a comprar, parece segredo, por dois milhões e quinhentos mil euros para fazer um museu não se sabe de quê, e criar dois postos de trabalho, o do porteiro, se existir, e o da funcionária amiga. A vilória que passou a cidade subiu à cabeça dos eleitos e espichou-lhes o umbigo duma forma contundente. Doença que chegou para ficar. Um absurdo intencional. Mas os dois novos e grandes mercados, a três quilómetros um do outro, num tempo em que as grandes superfícies dos privados se substituíram aos mercados públicos, são outro paradoxal testemunho da mesma gestão pouco inteligente e afastada da realidade e do interesse da população. Esta é a mesma imbecilidade política  de quem não sabe o que fazer em prol dos seus municipes.

Pois que o gestor buçaquino se vá embora, é uma boa ideia, seja tranquila a reforma, mas ir-se embora levando atrás de si o peso do estado lastimoso da Mata Nacional, não o abona em nada,  nem no país, nem do delírio de levar uma Mata Nacional a Património da Unesco, no estado em que se encontra. Depois da obra que deixa, é ridículo pretender chegar ao património do mundo apesar das justificações que são as tempestades, os ciclones, as trovoadas, os furacões ou até as monções, os culpados do desleixo. Ou enxurradas da serra que sempre existiram e sempre existirão. De facto, sabe tão bem como os habitantes da freguesia do Luso, a quem teve a amabilidade de fechar pela primeira vez em 180 anos a entrada na Mata com o seu carro ou carroça, que a serra foi e é devastada ciclicamente por elementos naturais, e sabe que na mão do Reino, como na da Republica, a do seu avô, sempre recuperou em muito pouco tempo. Na sua mão por conta da autarquia mealhadense, é o que se vê, uma saga começada sem ter um fim á vista, pelo contrário, num agravamento constante. E eu próprio, como outros, munícipe do concelho, sinto-me lesado ao ter que pagar com os meus impostos e taxas, a destruição que, por incapacidade, tem provocado no Buçaco, incluindo as remunerações dos serviços que prestam. Pondo-me em lugar idêntico, teria vergonha e declarado a falência antes do toque final.

carrada 1.jpgNão conheço a pessoa e enquanto tal não tenho nada a dizer, porém, como suposto especialista e responsável pela recuperação do Buçaco, foi um falhanço total. Perdeu a oportunidade de lançar o seu grito de revolta, ou sensatez, durante os seis anos em que rebocou a evidência, evitando o fim para proclamar a sua opinião ,saindo limpo do fosso.  Como o capitão de navio que vê o barco ir ao fundo e não pede ajuda a ninguém antes do afundamento, foi o que fez antes de bater a porta. Se a falta de transparência habitual, não  trocar o raciocinio. Coisa natural no meio.

Recordemos que o Buçaco é um património de todos, não da Câmara da Mealhada, em primeiro lugar é da freguesia do Luso , e trata-se dum património nacional, único num concelho  pobre de valores, onde o que existe  e se regista na história, na cultura, no campo militar, religioso e turístico, salvaguardando que os turistas não são o bando de semeadores que invadem a mata para plantar árvores nem os festeiros e caminhantes que a palmilham sem regras e nem um café bebem, quanto mais chamar-lhes turistas, esse património liquido , digamos, existe na freguesia do Luso, a única também com o poder de atrair os visitantes . O Buçaco é um parque, um templo botânico para ser respeitado e visitado por quem ama a natureza, o silêncio, a serenidade, a beleza e a vida vegetal que ali se perpetua. Trata-se dum património regional, nacional e europeu, dizimado pela inconsistência do clima, mas muito mais pela inconsciência do homem, no obscurantismo das suas limitações, perspectivas e banalidades.

A terminar, comungo as preocupações que tem com a vinda do presidente do ICNF, Instituto de Conservação da Natureza, semanalmente ao Buçaco. De facto é uma grande maçada e um grande problema, porém naturalmente que o povo unido não lhe fica a dever as ajudas de custo nem as deslocações que o senhor presidente faz. Mesmo com reformas de ´200 e 300 euros mensais, não fica a dever nada a ninguém...Já agora a propósito, será que a fundação Bussaco tem algum acordo de empregos com os familiares dos presidentes da autarquia??

 

 

09
Mar19

ALEXANDRE ALMEIDA E O BUÇACO


Peter

bus1.jpg

Alexandre Almeida nasceu na Lameira de S. Pedro, Luso, em 1885, filho de Isidoro José Ferreira e de Maria da Conceição de Almeida. A família possuía nas Termas a “Casa Aliança” desde 1875, um estabelecimento comercial destinado a servir aquistas e nativos com uma larga variedade de produtos. Na sua juventude assistiu á construção do Palace do Buçaco e já adolescente ao inicio da actividade hoteleira pelas mãos pela mãos de Paul Bergamin um suíço que explorava o Hotel da  Mata e a albergaria “Chalet Suisse” e o restaurante da estação da Pampilhosa, onde atendia turistas e termalistas que se encaminhavam para o Luso-Bussaco.

Quando tomou conta da Casa Aliança a estância termal e a Mata estavam na moda e o seu caminho passou pela modernização do negócio aberto a  nacionais e estrangeiros. Instala no local a primeira máquina de café da região, a qual possuía um apito accionado por vapor de água avisando os cliente da frescura do café. Cria a secção “Suiça no Luso” onde vende artesanato helvético com legendas locais, como “Souvenir do Luso”, “Souvenir do Bussaco”importando o material directamente para a estação de Pampilhosa. É o primeiro cidadão do distrito de Aveiro a comprar um motociclo, indicio dum interesse posterior por veículos motorizados.

A sua vida na hotelaria, segundo a história da família, começa por um convite de Bergamin em 1916 para se juntar a ele e fazerem uma gestão comum do Hotel do Bussaco. Mas Alexandre tinha da industria do turismo uma visão avançada e via potencialidades para ir  em frente num caminho criativo e de desenvolvimento enquanto Begamin, desactualizado, optava por uma gestão caseira ou de merceeiro, gestão de gaveta aberta sem despesas nem receitas. Esta gestão doméstica levou o suíço a queimar no forno da cozinha a “livralhada” das contas o que levou Alexandre a virar as costas ao acordo. Em 1917, incapaz de segurar o barco, Bergamin reconhece a sua incapacidade e entrega a gestão da casa ao ex-sócio que lhe dá o nome de Palace Hotel do Bussaco por escritura de 20 de Março de 1920.

Acto importante na área do novo empresário e igualmente na história da hotelaria em Portugal, pois o Hotel começa por figurar como o melhor do país, e dos melhores da Europa e do mundo.

O sonho de Alexandre Almeida concretiza-se. O castelo e paço capaz de receber com luxo uma clientela exigente capaz de pagar um produto de alta qualidade abre-se pela primeira vez num país que o não tinha e que o exemplo do Bussaco veio abrir e ensinar a Cascais, Estoril, Sintra e poucos mais locais de então. Um hotel de charme que tem funcionado ininterruptamente nas mãos de um dos primeiros empresários  do sector em Portugal.

Foi esta unidade, única do país, que o sábio presidente da câmara deste município procurou e procura destruir. Melhor seria ir destruir a terra dele.

 

 

                                                                                                                  

 

10
Nov18

O HOTEL DO BUÇACO VAI FECHAR ?


Peter

hotel  orange.jpg

Assim com caiu a negra noite sobre as Termas , cai agora a mesma

praga sobre  o Buçaco com extenção ao hotel. A câmara quer fechar

o Palace Hotel do Buçaco , uma obra imprescindivel para coroar

os êxitos dos autarcas lá de baixo  que terão naturalmente segundas

intenções no secretismo da sua democracia.Temos pois no palco

do municipio os inimigos publicos  a quem o osso duro de reconstruir

o pavilhão do lago que deixaram cair , manifestado nos impróprios

comentários  do chefe da edilidade quase duplicando os preços

que vai pagar com o dinheiro termal  que sai do Luso , é dificil de roer.

Na sinagoga de jeitos onde se vive,  a politica é para algumas 

pessoas o que as pessoas são para a política e o resultado é o

andar para trás em que vive esta terra. Porque há quem o deseje

e milite por aí , quem não saiba o que faz e nem o queira saber,

quem não sabe o que somos porque nem é do território,quem 

dedique o orçamento comum a festas para ganhar eleições  e 

controlar o rebanho.

 

 

 

 

 

 

 

07
Set17

BANCOS


Peter

DSC_0834[1].JPG

Via Sacra do Buçaco .Onde não há àrvores nem

madeira, nem cabeça, os bancos do percurso da

ViSacra ou não estão ou estão assim.

DSC_0836[1].JPG

 Quatro anos de mama não resultaram , a coisa

está  bem pior que no começo!!!! 

Quem tiver olhos, veja.

Em mais quatro anos talvez acabem com isto...

apesar de tudo, um património nacional.

11
Nov16

ÁLCACER QUIBIR


Peter

alcacer quibir.jpg

 Há dias  felizes ! Aconteceu no Buçaco pela mão

da afundação que trouxe á mata el rei D.Sebastião,

Mulei Moluco, o sultão, e o  velho cantor Cid para

em conjunto festejarem não se sabe o quê...

A verdade é que nem no Inverno deixam descansar 

a floresta como mandam as regras da recuperação

dos espaços verdes pelo mundo fora. A sofreguidão

e a ignorância são  tantas que o Buçaco irá  acabar

como acabou o rei em Alcacer..

Parafraseando Camões a propósito do desastre :

"Enfim, acabarei a vida e verão todos que fui tão

afeiçoado á minha Pátria  que não só me contentei

de morrer nela mas com ela"

 

12
Mai16

CERCO DE BADAJOZ


Peter

tasmaniafoto

 O diário de um oficial  inglês  relatando episódios das Invasões

Francesas na Peninsula Ibérica , nomeadamente no Alentejo e

em Badajoz foi encontrado num alfarrabista da Tasmânia, Austrália.

Intitulado "Journal 1811" o manuscrito é um documento inédito e

conta com detalhes e precisão técnica o cerco do exército Anglo-

-Luso a Badajoz, comandado pelo Duque de Wellington em 1811,

nos começos do séc. XlX, no seguimento da  Batalha do Bussaco.

Para Gavin Daly , especialista em Guerra Peninsular na

Universidade da Tasmânia, trata-se de um "Tesouro" e a caligrafia

já foi reconhecida e confirmada como do autor John  Squire , que

veio a falecer vitimado por doença depois do cerco à cidade da

Estremadura espanhola. Está por saber  de concreto como foi

acidentalmente parar ao espólio do alfarrabista australiano o

importante manuscrito.

Fontes: BBC e NET

 

09
Abr16

AURORA


Peter

madrugada.jpg

Palácio do Buçaco, nascer do sol ,esta semana.

Destruida pelas intempéries e pelo homem, esta

Mata Nacional precisa do Estado para ser recuperada

como o foi Sintra. Não se  percebem as políticas

nacionais, benéficas nuns casos, talvez criminosas,

noutros casos. Se a riqueza patrimonial construida e

paisagistica é superior em Sintra, ela é também

superior no Buçaco em matéria  florestal.

 

 

 

 

01
Ago13

ATRAZADOS DO PATRIMÓNIO


Peter


Os politiqueiros da Câmara da Mealhada que de há vinte anos

para cá nada fizeram por um Buçaco  Patrimónioda Unesco,

abriram agora a boca para dizer asneiras  pela voz do seu  Presidente

afirmando á imprensa que  a Fundação, orgão que continua a destruir

a Mata fez mais em  três  ou quatro anos de ocupação, que o Estado

nos últimos quarenta.

Este comentário é algo de  absurdo ,ignorante e hilariante.

Ou o autarca está a brincar com o cidadão,ou coitado,

parece um xéxé  politico.

Além de demonstrar que nada sabe da Floresta do Buçaco,

é espantoso  o que diz , para um responsavel que  se  agarrou

á politica   há pouco menos de quarenta anos.

De facto, não sabe do que fala e só mostra que nunca conheceu

nem conhece o  Buçaco , um património do concelho a que vai

deixar de presidir. Ainda bem.

Este desconhecimento manisfestado  na imprensa com um choradinho

subjacente mais que justifica o fim dos seus mandatos, 

já que à  destruição em  marcha da Mata Nacional , se junta o fim das

Termas do Luso, com o fecho da fábrica  de engarrafamento ,

o fecho total das instalações da Fisioterapia e dos Escritórios  

administrativos, acompanhados pelo desemprego e pelo estertor do

turismo em que  agoniza a estância.

Com dois hoteis anunciados em campanhas eleitorais por fazer, mais 

um projecto LusoInova que prometia  fábricas de cosméticos, sabonetes ,

perfumes, inovação, tc,etc por realizar, sem um parque industrial de Barrô

dos cardápios municipais já com barbas  por avançar, com um parque de

campismo sem acessos dignos e fora do mercado,

uma avenida do Castanheiro vergonhosamente abandonada, e umas

ridiculas birrinhas exteriorizadas em relação á  esburacada estrada

da Cruz Alta que  a fundação esburacou e estragou (além de outras coisas)

o sacrificado autarca tinha feito melhor calando o disparate.

Preferiu juntar-se ao coro dos pessimos politicos que tem governado o país

e fazer as mesmas figuras a que assistimos diariamente!

Falta uma lei de responsabilização dos  actos e dos mandatos!!!!

 

11
Mai10

BATALHA BUSSACO-3ª INV-A DEFESA-5


Peter

 

 

 A DEFESA EM LINHA

 

 Como deixamos dito em Almeida, Arthur Wellesley, o comandante do exército anglo luso, foi recuando das posições assumidas desde Celorico, antecipando pela frente os movimentos do invasor á medida que lhe ia adivinhando as intenções e o rumo. Retirando os seus efectivos pela estrada da Beira, esperou que os franceses definissem o caminho com a intenção de os atrasar na sua caminhada até ás Linhas de Torres, cujas obras de defesa, é uma hipótese, não estariam ainda totalmente concluídas e para que isso acontecesse era preciso ganhar algum tempo. No dia 20 deixou o convento de Lorvão onde pernoitou e dirigiu-se para o Buçaco onde se instalou, deixando ás milícias de Trant a tarefa de se ocupar a retardar o mais possível a marcha dos franceses que o seguiam a pouca distância.

Aqui devemos fazer uma pausa para explicar que estas milícias portuguesas comandadas por um oficial britânico, Trant, não eram um bando de guerrilheiros sem regra nem função mas sim as milícias municipais ensaiadas por D. Sancho I e criadas a seguir por D. Sancho II, tal como as Ordenanças que foram fundadas por D. Dinis e existiram sempre na nação portuguesa em tempo de conflitos. As primeiras, organizadas em terços, prontas para acudir a uma invasão pelas fronteiras, as segundas próprias das fortalezas para resolver questões internas. Ambas organizando-se apenas na altura das necessidades, ambas também fontes de fornecimento de recrutas para o exército regular desde que começou a existir em permanência, a partir da guerra da restauração.

Quer o exército permanente que foi desmobilizado por ordem de Napoleão aquando da tomada de Lisboa por Junot, quer estas estruturas independentes mas paralelas, foram reorganizadas por William Beresford  a partir de 1808 e vieram a constituir as forças  portuguesas que expulsaram os franceses. Oriundos destas estruturas foram o Corpo Académico Militar de Coimbra, Os Voluntários do Comércio de Lisboa e do Porto, os voluntários de Portalegre, Beja, Coimbra, ou a Leal Legião Lusitana.

Quando Massena no dia 18 de Setembro chegou a Viseu encontrou a cidade deserta, abandonada, incapaz de satisfazer as necessidades de abastecimento dum grande exército em marcha. Eram mais de sessenta mil efectivos nos três corpos e a busca de alimentos eram cada vez mais difíceis e demoradas pois a população, saindo da cidade,  ou seguiu na peugada dos anglo-lusos ou acoitou-se com alguns haveres pelos montes e matas em redor e embora toda a máquina de guerra marchasse agora ordeira e desejosa por alcançar as férteis planícies vizinhas de Lisboa, a lentidão deste comboio era grande e pouco ajustada ás exigências da conquista, um contraste abissal com a marcha de Junot durante a primeira invasão que, partindo de Castelo Branco por péssimos caminhos ultrapassou todos os obstáculos a tempo de chegar a Sacavém  pouco depois das  últimas naus da corte deixarem o Cais de Belém rumo ao  Brasil.

Desta vez porém a lentidão ultrapassou o razoável, talvez pelas dificuldades do terreno, pelas investidas das milícias, por animosidades entre os oficiais, talvez até por, segundo Santana Dionísio, o comandante beneficiar da companhia de uma garbosa amazona que o acompanhava desde Salamanca sob o disfarce dum imberbe oficial….

Mandou avançar Reynier pela via de Mangualde e Carregal  e os  corpos de Ney e de Junot por Tondela e Mortágua .

A serra do Bussaco  começa a surgir aos franceses como um grande obstáculo pouco depois do rio Dão, mas de facto não é grande a montanha, nem alta nem sequer larga, mas é robusta e comprida nos seus vinte quilómetros de cumeeira, as suas encostas íngremes levantam-se de ravinas profundas, ásperas, numa constante subida entremeada de valeiros e cabeços que só um esforço físico violento poder superar. E vista recortada num pôr de sol escarlate que desaparece atrás do cume aninhando-se no suposto oceano, dá a ilusão dum monstro comprido como se um gigantesco sáurio ali se tivesse esticado a sucumbir, fossilizando então. Mas nada disso é, embora se pesquisem e encontrem pequenas trilobotes do Silúrico a serra nada tem de dinossáurico, estende-se preguiçosamente entre o rio Mondego em Penacova, até á Portela de Oliveira e Santo António do Cântaro, dois colos de passagem, depois até á Cruz Alta, o seu ponto mais elevado e continuando a noroeste desce então pelos moinhos de Sula e Águia até ao desfiladeiro em Algeriz no vale do rio da Serra ou de Vila Nova. Note-se que em tempos recuados, foi conhecida por Alcoba pois a vertente caramuleira do oeste e sul identificou-se assim em épocas remotas até aos confins do Bussaco.

Por estes sítios e termos, temos aldeias e lugares que ficaram registadas nos escritos dos contendores e são assim adereços do evento, quer em escritos ingleses, quer franceses. Vale de Açores, Lourinha, Alcordal, Vale de Vide, Cerdeira, Moura, Sula, Carvalho, Coiço, Gondolim, Algeriz, Monte Novo, Santo António do Cântaro, Palheiros, Botão, Palmazes, Portela de Oliveira, entre outros.

Foi ao longo da estreita cumeeira que tem cerca de vinte quilómetros de extensão que o general Wellington postou o exército anglo-luso decidido a opor-se ao inimigo. A posição defensiva era excelente e Massena, não propriamente um amador das coisas da guerra, incompreensivelmente encurralou o seu exército frente a uma muralha natural impossível de escarpar. Inexpugnável, diriam depois alguns dos seus oficiais, entre eles os próprios comandantes dos seus exércitos que chegados a 26 pouco depois do meio-dia, a não quiseram atacar sem a palavra do marechal que chegou quase de noite. O próprio Napoleão, quando mais tarde escreveu sobre o Bussaco da prisão em Santa Helena diria: ‘ se a reputação de Massena acabou no Bussaco, é apenas á doença que podemos atribuir essa súbita desgraça. Não conseguindo montar a cavalo, nem ver pelos seus próprios olhos o que se passava, ele já não era ele mesmo… se o fosse, nem atacaria as linhas inexpugnáveis do Bussaco nem teria deixado Wellington acolher-se ás linhas de Torres Vedras…’

De tão privilegiadas linhas defensivas esperaram os anglo-lusos tirar o melhor proveito, pois Wellesley depressa percebeu as dificuldades que esperavam o atacante, assim conseguisse aliar a estas perfeitas condições a coesão das forças, a confiança das tropas, a disciplina. Todos os combatentes, quer ingleses, quer portugueses, eram enquadrados por generais britânicos, pois se havia confiança na bravura dos soldados ingleses, outro tanto não tinha sido ainda demonstrado pela parte portuguesa, constituída por recrutas alistados á pouco tempo, intensamente preparados sob a direcção de Beresford mas sem qualquer experiência de combate. Era imperioso que a hierarquia funcionasse e que a par da posição morfológica positiva o comportamento fosse firme, rígido e corajoso. De mão beijada, tal como acontecera a Massena com a explosão de Almeida, surgia agora ao inglês Wellington a oportunidade única de, mercê duma incompreensível análise do inimigo, o levar de vencida.

Foi ao longo da estrada construída entre os dois extremos da serra que o duque montou a estratégia, preparada para receber o inimigo em qualquer ponto e com o sentido de, para qualquer ponto por onde o inimigo tentasse atacar, movimentar rapidamente reforços e ajuda, uma mobilidade essencial que funcionou no embate de Reynier.

Entre o Ninho da Àguia, a noroeste, a Cruz Alta e a Livraria do Mondego a sudeste, a coberto do reconhecimento inimigo colocou os efectivos. Os primeiros, na confluência dos rios Alva e Mondego eram constituídos pela cavalaria portuguesa, pelo corpo de Hill postado entre o  Coiço, Gondelim, Casal e Palmazes  e depois a Senhora do Monte Alto ocupada pela Leal Legião Portuguesa e a brigada portuguesa Campbell da divisão Picton até ao cruzamento da Portela de Oliveira. Entre esta Portela e a de Santo António do Cântaro, dispunha-se em linha a Divisão Leith, Seguiam-se as Divisões Picton e Spencer ocupando as alturas da serra até ao Cerquedo. Atrás destas estabeleceu o seu posto de comando pouco acima das posições de artilharia que defendiam a estrada de Lisboa. Para a sua esquerda, já na direcção da Moura e Sula, as Divisões Crawford e Bercley, a brigada portuguesa PacK e a brigada Colleman fechavam o caminho a quem descia para o Luso e Mealhada depois  do acesso ao Convento, em cujo muro foram feitas algumas destruições, como ameias defensivas.

Para terminar este longo corredor até ao Ninho da Águia, nos cabeços sobranceiros ao lugar do Milijioso, postava-se a divisão alemã no lugar de Monte Novo, seguida de parte da brigada Campbell. Finalmente perto da Mealhada estacionava a cavalaria inglesa e Trant com as milícias, este com o encargo de patrulhar a via que de Mortágua rompia pelo Sardão para Boialvo e Avelãs.

Num breve resumo que mesmo assim se torna fastidioso para o leitor, aqui fica o dispositivo de defesa estabelecido por Lord Wellington para a defesa do Buçaco.

Deve ainda acrescentar-se que o comandante supremo das forças, William Beresford, o homem que havia organizado e preparado as forças portuguesas, instalou o seu quartel general na vizinha aldeia da Lameira de Sª Eufémia mas só a 27, depois dos combates, pernoitaria na livraria do convento.

Luso, Maio, 2010 FS (200 anos da Batalha)

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