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______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

28
Jul22

BUÇACO NÃO ARDEU DESTA


Peter

Onde está o aceiro que devia estar visivel nos seus metros de largura?

Onde está senhor responsavel há um ano pro-bonus? O que esteve a fazer ?

Não ardeu mas andou perto. Entre duas opções o acaso  do vento escolheu uma, a do Mondego e sua livraria,  se assim não fosse a outra era a encosta  leste da Serra do Bussaco, de Boas Eiras a Carvalho Velho, Carvalho e Stº António  ao longo da ribeira de Aveledo, toda ela envolta em eucaliptos, matos, acácias e outras espécies  de intenso combustivel. Se o vento virasse para nooeste,  chegaria à  Mata Nacional, onde o aceiro principal que a defende, se esconde debaixo de urzes e matos vários, onde crescem acácias, eucaliptos, mimosas sem flor, lixo e toda a excelência da boa combustão. Passava um carro de bombeiros, hoje não passa nada. Devia ver-se o terreno nesta fotografia, não não vê, como não se vê no perimetro da Cerca. Saberá onde é o novo presidente , um ano de pro bonus  com o rendimento de vice presidente da câmara , conforme se deduz da ultima reunião da autarquia, não conheceu a Mata ? Nesse ano de pro bonus, como tão bem salientou numa página inteira do Diário de Coimbra louvando o seu serviço, o novo presidente da A Fundação não sabia da existência do ACEIRO ? Se o sabia, não o mandou limpar, um ato com um contorno criminoso. Se não sabia, está visto o seu interresse num ano de interino de pro bonus!  Ide às Portas de Sula, entrai na Mata e vede a limpeza interior convidativa a gigantesco incendio. De S.João do Deserto às antigas cocheiras e ás Portas do Serpa , uma miséria. Obra do recem nomeado presidente da A Fundação socialista, herdeira de Socrates, que num ano pró bonus em gestão, (?) deixou naquela lástima,  a Mata Nacional. Como se pode confiar neste gestor pro bonus? O cidadão interessado pode visitar o parque e testemunhar a ignorância de quem manda.

 

rua.jpg

A bela imagem que deixa o gestor nomeado, vê-se a sua competência um ano após..pro bonus (?).

Em face desta obra, ganhou o não existente concurso publico para presidente da fundação, sem transparência, por nomeação politico partidária, com as habilitaçóes de cliente e a insconsciência dum governo. Pela mão dele, se o vento ou incendiário o desejasse o património da Mata nacional   poderia ter ardido.  É preciso que se saibam estes tramites, que haja clareza nos processos , na defesa do que é nosso.  Na mesma reunião da autarquia, ficamos sem saber quem lhe paga os cinco mil euros que vai ganhar no cargo, mais que o presidente da  edilidade, como se ouviu dizer. O Zé porém, ganha 700 euros se ganhar e alguns reformados 240 euros.  Daí nasce o segredo matando a concorrência na mafia partidária. Se o Estado não pagar, como se depreende da ata daquele orgão, há-de o municipe pagar pelo que não lhe pertence, como vem acontecendo. A Cãmara, em vez de lhes pagar, devia por o Estado em tribunal por ser a unica  A Fundação a cargo de municipes no país. Uma vergonha para os  pacóvios que aceitaram os custos num mandato anterior, com o fim de destuir o património, como está destruído. Num país sem rei nem roque tudo pode acontecer. Ao senhor presidente podemos dar os parabens pela sua habilidade, não pela capacidade e conhecimento que um ano de interino demonstrou. Deixou a Mata na lástima em que estava, senão pior.  Oxalá não arda a casa nos anos que se seguem., pela irrespnsabilidade de quem chega. Depois, reforme-se, com a reforma de vinte vezes um coitado, é o que faz melhor. Com seriedad, a Mata Nacional necessita dum administrador profissional residente e competente e com currriculum e uma equipa de gente especializada me florestas, além dum corpo de guardas florestais, como toda a Europa tem.  Nada que seja dificil ou complexo  que a Mata já não tivesse tido com  excelentes resultados. Acabem com empreiteiros futebolisticos , amigos e familias partidarias, nestas como em muitas outras funções, usando seriedade,  honestida,transparência, competência e com profissionalismo.

21
Ago21

UM BUÇACO EM RISCO


Peter

DSC_0274[1].JPGNeste blog tenho repetido teimosamente o mau estado em que se encontra a Mata Nacional do Buçaco, bem como a incapacidade demonstrada pela Câmara da Mealhada pela sua gestão e financiamento ,através da Fundação da Mata do Buçaco, um rebuçaco socrático que ultrapassou a legislação pela via partidária irresponsável.Não cabe a uma câmara gastar ou desviar o dinheiro do orçamento dos munícipes para gastar em património alheio, visto que a Mata Nacional é do Estado e não do pequeno órgão municipal onde por acaso se situa.E não cabe ao Estado entregar a responsabilidade financeira daquilo que lhe pertence, ou a todos nós, portugueses, um patromónio nacional, vendo-se livre dele.

DSC_0275[1].JPGMas a municipalidade, edis oriundos da gestão de ranchos, futebóis, festas e romarias, sem desprimor mas é pouco,  possuem na mente a tola ambição de passar o sapato além da chinela e não tendo bom senso nem perfeita noção do mundo em que vivem e do sentido de Estado, gostam de “armar” é o termo, em mais papistas que o papa, acabando por prejudicar o território que julgam apadrinhar, com asneiras. A Câmara em causa é  um exemplo, ou seja, em vez de apoiar e ajudar na recuperação da Mata Nacional em degradação, acaba por destruir, por falta de  total conhecimento na área  de florestas , botânica e turismo, os excelentes recursos e potencialidades que a freguesia do Luso/Buçaco, possui, dando a ideia que destruir é o objectivo principal  da autarquia mãe.

DSC_0277[1].JPGEu aconselho o leitor interessado que da zona da Fonte Fria, um ex-libris da Mata Nacional, suba ao Convento de Stª Cruz e ao Palace Hote, e que do Lago da mesma Fonte Fria, desça pelo Vale dos Fetos. Junto algumas que fotografias da realidade, que, no entanto, não espelham completamente a situação, de facto muito pior do que as vistas mostram.

DSC_0290[1].JPGA Câmara e os edis eleitos deviam retratar-se , ter vergonha do miserável serviço que estão a prestar ao concelho, á freguesia, ao turismo, á hotelaria e dum modo geral á economia local. Entregue a quem nada percebe do assunto, a começar pelo executivo, registo a ação para empregar a família na fundação, e organizar festas e romarias e plantações num permanente pisoteio do húmido coberto que já foi a solo mãe da flora local, agora  seco, largas clareiras e falta de limpeza. No trajecto que aconselhamos atrás, a Mata é uma selva e pior que uma selva, é uma selva sêca, completamente cheia de material lenhoso por todo o lado, neste caso desde o sopé da serra ao ponto mais alto, a Cruz Alta, em grave risco de incêndio se um casual acidente acontecer no perímetro em dia de ventos variados e

DSC_0279[1].JPGincontroláveis. Este é um perigo real, que os responsáveis, face á sujidade que permanece no bosque, parecem ignorar e muito menos ter em conta. Não só o deixar arder este valioso património comum é um crime grave, como a falta de prevenção, de limpeza, arranjos e retirada da sujidade e materiais perigosos, desenha idêntico crime. Crime que pende sobretudo pelos edis responsáveis, a presidência do executivo camarário.Deixo fotos feitas esta semana de altas temperaturas. São algumas, entre muitas imagens elucidativas , acerca do que a autarquia câmara da Mealhada, vem fazendo pelo progresso e desenvolvimento do turismo , hotelaria , floresta , e empregos na freguesia do Luso/Bussaco.

DSC_0342[1].JPGÉ a negação do que  muitos municipios têm realizado no país em prol do seu desenvolvimento.Aqui é nitido o desinteresse, a incompetência , a incapacidade e diria mesmo a intencionalidade da gestão municipal , para acompanhar os dias atuais na procura de soluções para os muitos problemas do concelho. Não existe diálogo, não existe informação, não existem contactos com os tecidos econonómicos que atuam no território, não existem ideias, nem projectos , nem estratégias  no sentido de arrancar seja o que for  das potencialidades dum municipio que parece  politicamente morto, fechado sobre  a demagogia dum partido há tempo demais no poder, sem obra que o justifique, politicamente empenhado com alguns donos  e senhores da sede concelhia, e nada mais.

DSC_0323[1].JPG

Há uma linha  clara dessa tomada dum poder apodrecido, inoperante, de mentalidades pequeninas, sempre as mesmas figuras e do Luso/Buçaco, ninguém quando, em face das suas potencialidades,  deveria ser a primeira freguesia a possuir um eleito dedicado á area do turismo , já que é a  única que o tem.  As habilidades da partidarite saloia  do concelho, e de algumas  oportunistas  cabeças, tem  devotado o municipio ao rame rame rotineiro, fechado , atrasado no tempo e nas funções,  à comodidade de gabinete, à burocracia, ao compadrio , amiguismo,  falta de transparência , a autocracia dum sobismo acabado.

06
Nov14

SUA EXCELÊNCIA


Peter

cisne.jpg

Sua Excelência o Cisne Branco passeia-se no Lago da Fonte 

Fria num fim de Verão de luminosidade crepuscular e de calor.

É o rei daquele espaço que se prolonga até um segundo lago, 

á espera  de  cuidados. O pato não olha a isso e deambula

sobre as águas   com a tranquilidade do que é, um cisne branco.

16
Set14

A SAGA DO BUÇACO


Peter

A saga do Buçaco continua com a escolha dum terceiro gestor da fundação, tarefa que coube á autarquia da Mealhada definir. Depois de duas experiências com dois excelentes presidentes, acreditando nas palavras dos edis em posses anteriores, eis um terceiro igualmente adjectivado e com enorme percurso curricular. Uma rotina.

Respeitando as pessoas e a sua boa vontade, como cidadão desta pequena freguesia, mas sobretudo como cidadão do país, fica-me a dúvida não só sobre a eficácia do mando como sobre os motivos que levaram a Mata Nacional do Buçaco á degradação em que se encontra desde que o Estado se demitiu das suas obrigações e a deu á curiosidade duma gestão alheia. Será que a Câmara pretende fazer experiências até á sua delapidação total? Um Buçaco cobaia, como tem vindo a ser, é um atentado ao património classificado e á cidadania.

Excluo a delapidação natural do vendaval, não foi a primeira nem será a última, mas sim delapidações como a sua não recuperação, o fim do quadro de Josefa de Óbidos que ardeu exposto á intempérie e sobre o qual não há responsabilidades apuradas. E onde estão a conservação, a limpeza, a reflorestação, a qualidade das gestões enaltecidas? Ermidas em ruinas, muros no chão, silvas progredindo, caminhos rebentados, portas por reconstruir serão exemplos? E a incapacidade de resolver uma questão como a estrada da Cruz Alta, intransitável em plena época turística? Pergunto enquanto cidadão se alguém responde pelo património, e a resposta é não. É evidente que não há responsáveis, entram e saem, não são sequer eleitos, são apontados de boca e ninguém lhes pede contas pelos actos praticados. Chega de experimentações, de ensaios, de irresponsabilidade, a Mata corre sério perigo!

Por várias razões, este modelo de gestão não serve ao Buçaco, o primeiro dos quais reside na propriedade do bem, o Estado. A Mata é Nacional, é á Nação que compete gerir o espaço, ser por ele responsável e por ele responder. Só num país sem sentido de Estado, como é o Portugal destes tempos, isto pode acontecer. Medida por princípios onde falta ética e seriedade política elementar, é uma tolice para a autarquia esta precária fundação.O município não tem massa crítica nem dimensão que lhe permita fazer gerir um espaço maior que os seus limites culturais, como no caso do sapateiro, a autarquia quer ir além da chinela e o resultado está a vista. Em vez de se regozijar com uma alteração estatutária que em Abril lhe abriu as portas para gastar o dinheiro dos eleitores no Buçaco, a autarquia faria melhor intentando uma acção contra o Estado que se demitiu de o fazer pelo mesmo decreto-lei retirando a sua contribuição anual com verbas do orçamento. Cabe agora à Câmara fazê-lo do seu próprio bolso, liminarmente, substitui-se a obrigação estatal pela cegueira da ambição autárquica! O legislador aproveitou e estendeu o anzol! O dinheiro dos munícipes a ser gasto num bem que não lhes pertence! Entre outras, esta será a última das razões porque o modelo está errado e feito em prejuízo dos habitantes deste concelho.

Se ao orçamento da autarquia, se retirar o que o Buçaco necessita de investimento de curto prazo para uma séria recuperação, a Câmara corre riscos de ter que fechar as portas, o dinheiro não chega e ponhamos já de parte o património da Unesco e em causa a independência do gestor! À falta de mecenas, nem uma dúzia de orçamentos, nem uma dúzia de anos, chegarão para concluir o processo do pedido de adesão. No mínimo!

Pegue-se onde se pegue, não se vê qualquer vantagem no modelo e os resultados obtidos são lamentavelmente maus, quer considerados em termos de qualidade do espaço, quer no contributo turístico que já proporcionou ao Luso e ao Buçaco em tempos. Também a real despromoção para municipal, em termos de credibilidade do recurso turístico vai trazer menos valias. A mulher de Cesar não pode apenas parece-lo!...Uma derradeira questão em relação ao edifício do Palace cujo usufruto e conservação pertencem á fundação. Quanto á receita nada a dizer, mas quanto aos custos das obras de manutenção necessárias?

Serão para o munícipe concelhio pagar?                              Luso,Setembro,2014

  

22
Set10

ONDE FOI A BATALHA ?


Peter

 

 

 

 Fotografia actual do Moinho da Moura, freguesia de Trezoi, concelho de Mortágua,

que serviu de Posto de comando a  Massena.                                      (foto do autor)

 

Temos vindo a assistir ás comemorações do segundo centenário da Guerra Peninsular cujo momento principal ocorre em 27 de Setembro  próximo  no que concerne à Batalha do Bussaco.

Foi uma fase dramática do nosso percurso comum que deve e está a ser lembrada um pouco por todos os palcos de então, ainda que os tempos actuais sejam de desvalorização  e banalização dos acontecimentos, parte integrante de lutas internas que fazem ainda hoje do espaço europeu uma fronteira em consolidação.

Acontece que as comemorações no que diz respeitam à batalha em referência, são levadas a efeito no município da Mealhada, área administrativa que parece chamar a si o exclusivo do evento e, pressupõe-se também o cenário dos ditos acontecimentos. Nada de mais errado.

Não sabemos os porquês deste estranho exclusivo pois a história pátria ainda não foi mudada nem se pode mudar ao gosto de qualquer oportunidade política e sendo assim, manda essa mesma verdade histórica e o rigor que a legitima desmistificar o erro, pois na realidade em relação à Batalha do Bussaco não se deu um tiro sequer no então concelho da Vacariça, concelho entretanto extinto e que passou a chamar-se da Mealhada.

Todo o desenrolar bélico desta contenda entre o exército francês de Massena e os anglos lusos se desenrolou na sua primeira fase no concelho de Penacova, distrito de Coimbra, encostas de Santo António do Cântaro, freguesia de Carvalho,e numa segunda fase no concelho de Mortágua, distrito de Viseu, vertentes do Moinho de Sula, freguesia de Trezoi.

O então concelho da Vacariça onde se situava geograficamente o Convento Carmelita, abrangia, como abrange ainda hoje, uma parte da serra e apenas essa pertencia à então Vacariça, na freguesia do Luso. Na sua maior parte a serra pertence ao concelho de Penacova no distrito de Coimbra, tendo ainda uma pequena franja de terreno no concelho de Mortágua e uma outra no próprio concelho de Coimbra e não se limita á Mata Nacional , que é uma pequena parcela ,pouco maior que os 105 hectares que limitam o velho convento carmelita.

O concelho da Vacariça , na vertente oposta à luta, serviu  de passagem e apoio, serviu  em termos logísticos , como serviram outros concelhos limítrofes dentro das estratégias montadas pelos generais Wellington e Massena , desde os caminhos tomados por Almeida, Mangualde ou Viseu,  depois Tondela  e Santa Comba Dão e mesmo depois da luta, Anadia ou Àgueda e outros. É  verdade que funcionou na freguesia do Luso um hospital de sangue, é verdade que alguma oficialidade britânica subtraiu  aos frades carmelitas os  aposentos para ali se instalar , é verdade que a cavalaria aliada foi colocada perto da Mealhada  por se pensar ir ser inoperante face á morfologia do terreno. Mas também é verdade que a maioria dos batalhões e regimentos dum e doutro contendor permaneceram uma semana na serra, fora do concelho  da Vacariça,  percorreram durante esse tempo os  concelhos vizinhos , roubaram, destruíram e mataram populações locais e isso não aconteceu no concelho da Vacariça. Aqui , não se desenrolou o acto físico da luta e nem um tiro se deu em defesa da pátria e dos interesses ingleses.  

Por isso se estranha a exclusividade das comemorações pois a Batalha do Bussaco envolveu  populações da região sobretudo, sublinho,dos concelhos actuais de Penacova e Mortágua, se não quisermos estender os factos ao percurso entre Almeida, Viseu e o campo de batalha. Deve referir-se até, que o concelho da Vacariça foi um pequeno oásis no cenário dantesco que foi o caminhar dos dois exércitos através do país, pois a freguesia do Luso, onde presumidamente poderiam acontecer factos relacionados com o fenómeno, nada registou para lá duma súbita dormida de Beresford na Lameira de Stº Eufêmea e duma subita passagem de Massena  na Mealhada após o desvio de exército por Boialvo e Avelãs.

Porque não podemos enganar a história nem os factos e nem os lugares onde se passaram as coisas, aqui deixo a titulo de rectificação, a estranheza por ver esquecidos, ou por ignorância, ou intencionalidade, não o sei dizer, os representantes actuais dos que então sofreram nas entranhas os sacrifícios da luta, em abono da verdade e da honestidade intelectual, os municípios de Penacova e Mortágua. Deviam ser parte activa destas comemorações, pois eles foram o grande palco desta fase da  Guerra  Peninsular. Para além de Coimbra que já na retirada das forças  após o inconclusivo recontro , foi tomada e  rapinada , diga-se , por uns e por outros.

O rigor histórico não pode ser ultrapassado, nem pelo município da Mealhada, nem pelo Estado-Maior do Exército, nem pela Academia Portuguesa de História, entidades que parecem estar por trás das comemorações. Aqui fica a titulo de informação o que devia  ter sido feito e considerado por essas entidades.

28
Jun10

BATALHA BUSSACO-3ª INV. ASSALTO -6


Peter

 

O ASSALTO DE GRAINDORGE

 

No dia 26 á noite cabeços, outeiros e matas que circundam o lugar da Moura estavam apinhados de franceses. Das portas ou do moinho de Sula podiam ver-se as fogueiras acesas por toda a parte confirmando que o grande exército de Portugal do comando de André Massena , se preparava para  avançar  sobre a  posição do  Bussaco, também ela , nessa mesma noite, preparada para receber os invasores, com todo o exército anglo luso postado na cumieira da  serra desde o Moinho da Águia nos cabeços mais altos  do Salgueiral e Miligioso, até ao Monte Alto nos arredores de Penacova e ainda com uma posição de cavalaria na confluência do rio Alva com o Mondego.  Eram cerca de sessenta mil homens entre ingleses e portugueses, efectivos que começaram a chegar ao convento e á serra no dia 20 de Setembro. A 26, a instalação estava portanto completa e esperava-se a todo o momento um assalto, agora que as posições de ambos os contendores pareciam definidas no terreno.

Entretanto dentro do mosteiro carmelita a hora crepuscular foi marcada mais uma vez  pelo silêncio dos sinos e pelo aboletamento anárquico dos frades depois duma frugal refeição e das orações vespertinas. Wellington mandou preparar a montada e saiu com o seu ajudante de campo para uma última observação ao arraial napoleónico e uma visita de encorajamento aos seus soldados. Na Porta de Sula inspeccionou a barricada de troncos de carvalho ali erguida e tomando o novo caminho aberto dentro dos muros atingiu a porta do telegrafo. Em baixo, a multidão dos soldados adivinhava-se pela quantidade de fogueiras espalhadas ao longo dos montes em redor, completamente visíveis do alto do Bussaco. Durante este período preparatório mandara abrir o estradão militar entre a recém rasgada porta da Cruz Alta e os moinhos de vento da Portela de Oliveira, ao longo do qual posicionou o contingente militar anglo luso e organizou os preparativos finais para a defesa, escolhendo na vertente acidentada sobre Santo António do Cântaro o seu posto de comando. Um pouco á frente e abrangendo toda a parte do traçado da péssima estrada para Coimbra, um simples carreiro nalguns locais, colocou seis bocas de fogo. Seguiu paralelo aos bivaques do cume da serra encorajando os homens mas não atingiu o posto de comando que reservara para si. Quando a noite caiu completamente sobre o horizonte atlântico que se avistava ao longe, regressou ao convento e descansou algumas horas.

Às cinco da manhã do dia 27, quinta feira, mal se lobriga a luz de aurora e já o arraial de Reynier está em armas, preparado para o assalto ás cristas serranas da estrada, cujo piso, já se referiu, onde a própria estrada existe, é péssimo.

 A acção, algo precipitada, foi acertada na véspera entre Massena e os seus generais e compreende dois ataques, o primeiro a cargo do corpo de Reynier cujo efectivo, entre infantaria e cavalaria toca os dezassete mil e quinhentos homens. Tem por missão tomar a portela de Santo António e executar depois um movimento em tenaz enrolando para norte a fim de fechar sobre o exército anglo luso, enquanto a cavalaria, avançando depois pela estrada já liberta, se posicionará até ao lugar dos Palheiros na retaguarda do inimigo.

Uma hora depois e mal se presuma a chegada ao cume, desencadeará Ney a sua ofensiva á direita, pelo Moinho de Sula fechando e encurralando entre os dois exércitos, o seu e o de Reynier, as forças aliadas.

Outra versão dos acontecimentos coloca a hipótese do desfasamento dos ataques se dever ao nevoeiro cerrado que cresce com a manhã e que terá atrasado o corpo de Ney nas suas operações. Pode ter acontecido mas anote-se que o nevoeiro, aliás focado pelos dois contendores e pelos próprios frades, se dissipou cedo pois a artilharia luso-britânica veio a ter um papel e uma acção preponderante no desenrolar da luta.

Graindorge, Jean François de seu primeiro nome, nasceu em Saint-Pois, Normandia em Junho de 1870 e alistou-se como voluntário no exército do norte tendo feito carreira brilhante ao serviço do imperador em diversas campanhas tendo alcançado, mercê das suas acções o posto de general. É á sua brigada e á do general Sarrut e á divisão Merle , que cabe a árdua tarefa de trepar em primeiro lugar os declives íngremes  que desde as imediações do pequeno lugar de Santo António do Cântaro, se empinam como gigantes  arredondados até atingir o cimo da montanha  formada por uma pequena plataforma  com pouco mais de cem metros lineares que depois de ultrapassados dão acesso á descida   para o lugar dos  Palheiros , Botão e  finalmente Coimbra.

É aqui o cenário principal do desenrolar dos eventos nesta primeira arremetida cujo objectivo é arrastar e pôr em debandada o dispositivo anglo luso. Ao certo, Massena ignora o número de defensores e se se tratava dum verdadeiro exército disposto a dar-lhe luta ou de grupos de guerrilha destinados a desgastar as suas tropas como vem acontecendo desde a raia. Foi com estas dúvidas, às quais se juntavam as incertezas e hesitações dos seus generais, que se decidiu pelo avanço na noite anterior, antes de retirar para o seu quartel-general em Mortágua deixando ao 2º corpo de exército de Reynier  a difícil missão de experimentar , ao romper da manhã , as dificuldades do terreno e a força que, espera, lhe faça oposição ou se retire depois de atrasar a marcha dos franceses como vem sendo hábito.

Não é fácil nem ligeira esta subida da serra para uma infantaria equipada com uma pesada mochila de campanha e o respectivo armamento. São mil e quinhentos metros entre declives e rochas, moitas, arbustos, matos e obstáculos vários, entrecortadas por taludes e leitos de riachos secos e outros obstáculos físicos, além dos trezentos metros de cota entre o ponto de partida e o ponto da chegada, o campo de batalha.

Cedo começa a esforçada marcha pela escarpada encosta acompanhada pelo rufar ritmado dos tambores, com os ligeiros a abrir o espaço á escaramuça dos postos avançados, logo seguidos pelas casacas azuis da infantaria em colunas a cinquenta homens que se foram dispersando e reajustando conforme e á mercê das dificuldades do terreno. Ainda assim mantêm a disciplina e o sentido da marcha , pronta e decidida.

Quer Graindorge , quer Sarrut, quer outros oficiais , dão o exemplo, incentivando  homens que duma forma esforçada  e continua sobem  sem hesitações para o difícil e praticamente desconhecido objectivo. São velhos e destemidos heróis de Napoleão calejados pela dureza das lutas e arrojo das vitórias por uma Europa conquistada palma a palmo, experientes e confiantes na sua força e valor.

Uma hora depois do início, começam a surgir dispersos no topo da montanha os primeiros soldados da infantaria ligeira, os chamados voltigeurs, criados pelo imperador para preceder o grosso das colunas desorientando o inimigo e fustigando os postos avançados. Foram recebidos com cargas de fuzilaria e tiveram lugar as primeiras escaramuças. Um imberbe francês cai sobre o tambor e mantém-se agarrado a ele enquanto á sua volta se vai formando uma poça de sangue. Foi atingido pelo tiro certeiro duma carabina backer dum atirador escocês. Os companheiros seguem a marcha sobre os corpos de mais dois ligeiros abatidos igualmente pelos mortíferos disparos enquanto um sargento grita para a primeira linha: -Cerrar fileitas, cerrar fileiras !!!

A compasso com o toque dos tambores surgem então as colunas em linha dos infantes das brigada Graindorge  e  Sarrut, esta a primeira a atingir o alto . Devido ao nevoeiro desviam-se para a direita de Stº António e aproximam-se da cumieira  ao ritmo do  pas de charge  que empolga os velhos soldados e os faz disparar  correndo  com gritos de vivas ao imperador. Mas neste palco íngreme e impróprio para batalhas , os passos são pesados e o correr extenua .

 -Vive l’empereur, vive l’empereur !!!! E prosseguem.

Ainda embalados pelo esforço da subida a brigada Sarrut arrasta na sua frente o regimento português de infantaria 8 enquanto a brigada Graindorg pela direita, tenta envolver o flanco da divisão Picton. Isto acontece á frente do posto de comando onde Wellington observa o desenrolar da batalha e é ele próprio que dá ordem á artilharia para varrer os flancos dos atacantes com as seis peças postadas á sua frente.

Na primeira arremetida os franceses conseguem sustentar-se alguns momentos na posição alcançada mas logo avança a Infantaria 9 e 21 da 8ª brigada portuguesa e os ingleses do 45 e 88 de Wallace avançam á baioneta calada com grande determinação, levando de vencida o inimigo que sem forças para impor a breve posição conquistada e dar seguimento ao movimento iniciado, debanda serra abaixo depois de renhida luta corpo a corpo com perdas para os dois lados. No combate é ferido gravemente com várias cutiladas o general Graindorge que é retirado precipitadamente do cenário da luta e transportado ás costas na súbita retirada, pelos seus soldados. Estão entre os lugares do Cerquedo e Stº António e não regressam á peleja.

 Ao mesmo tempo, e a um quilómetro de distância para sul, o regimento 31 da divisão Heudelet atinge também o cume entre descargas da artilharia portuguesa sob o comando de Arentschild e por momentos apodera-se da posição fazendo estrago nos regimentos portugueses. Aqui a força dos invasores consegue manter a posição por mais tempo e só  a chegada da brigada Champalimaud , dos ingleses da Barnes, da deslocação dos batalhões da Leal Legião Lusitana,  do reforço do 88 de Wallace e do próprio Infantaria 8 vindo do primeiro combate , conseguem recuperar terreno  e suster a movimentação inimiga. Juntam-se ainda de forma impetuosa os milicianos de Tomar, a infantaria 1,9 e 33e as divisão Spencer e Leith  deslocada da Portela de Oliveira. Foi num instante que a situação mudou mercê do potencial de fogo conseguido pelos anglo lusos que num repente obrigaram os franceses a recuar e descer a serra de forma desorganizada entre gritos e impropérios. De nada valeu a aproximação da brigada Foy que a metade da encosta procurava subir e reocupar o lugar perdido pelos companheiros de Heudelet. Não conseguindo suster a retirada e perante o apoio de novo reforço inglês, as forças de Hill, retirou também Foy desorganizadamente, arrastando na fuga os sobreviventes do primeiro assalto mais os que, apanhados na debandada, a ela se juntam indiscriminadamente. A derrota é total.

Foi grande a mortandade durante a fuga, quer pela determinada carga de baioneta dos aliados, quer pelo fogo das baterias de artilharia magnificamente posicionadas na encosta e que não deram tréguas sob o comando em alguns momentos do próprio Wellington que assiste á peleja, dizimando, quer no assalto, quer na fuga, os flancos inimigos.

Refira-se que foram utilizados, depois de se terem sido ensaiados em 1808 na batalha da Roliça, os temidos srapnels a que os franceses, admirados, chamaram biscainhos e que eram nem mais nem menos que granadas ocas carregadas de balas que após o rebentamento se dispersavam para baixo a para a frente causando grandes baixas entre os franceses. Segundo alguns oficiais de Massena, foram a causa do maior número de mortes verificadas.

Às soberbas posições da artilharia aliada nunca conseguiram responder as baterias de Reynier encurraladas nos fundos dos vales, sem hipóteses de funcionar e participar na luta, manietadas pelas condições impróprias do terreno, um abismo impossível de ultrapassar pelas armas pesadas.

Entres os franceses contaram-se 300 mortes no regimento 31 de Heudelet, 670 na divisão Foy e 1000 na divisão Merle de Graindorg e Sarrut.

Do campo de batalha foram retirados mortos e feridos, entre eles muitos oficiais cuja situação particular dá a medida da ferocidade dos combates, como o caso do coronel Mounnier do 31 de ligeiros que depois de atingir o cimo da montanha á frente das suas tropas  morreu crivado de golpes, ou o coronel Amy do 6º regimento a quem foi decepada a cabeça, ou ainda Bechaud do 66 de linha partido ao meio pelo rebentar duma bomba. Merle e Foy, comandantes de divisão que participaram nos combates, saíram também gravemente feridos e o comandante da Brigada Champalimaud das tropas aliadas foi igualmente retirado em muito mau estado. Por sua vez o general Graindorge comandante da segunda brigada da divisão Merle que á frente  do quarto regimento foi dos primeiros a escalar a montanha até ao cume onde foi gravemente ferido , acompanhou  depois num carroção, em grande sofrimento, a retirada do exército pelo Sardão e Boialvo vindo a morrer ás portas de Coimbra, no lugar do Carqueijo , no dia 1 de Outubro , em consequência dos ferimentos recebidos. Tem o seu nome gravado entre os heróis de França no lado oeste do Arco do Triunfo, em Paris.

02
Mar10

BATALHA BUSSACO-3ªINV-ALMEIDA-3


Peter

 

 

 

 ALMEIDA

 

 A história da batalha do Buçaco está contada e mais que recontada, não me cabe a mim ter a pretensão de fabricar novos modelos ou interpretações para que melhor se entendam os fenómenos pátrios e sobretudo humanos, porém, a duzentos anos do evento, atiça-me a curiosidade para uma descrição jornalística leve e acessível dos acontecimentos, texto despretensioso que seguindo uma linha coincidente com a realidade tal como nos é contada e transmitida, seja fácil, tanto na leitura como no assimilar pelos leitores para que em conjunto, quem escreve e quem lê, reflictam sobre o facto de a pátria ser feita de todos nós, daqueles que vivem e suportam os momentos difíceis e constroem, muitas vezes reconstroem, o que outros avaramente consomem.

Também hoje vivemos tempos conturbados de grande diferenciação entre nós, mas a história, como lição, tem em si própria a virtude de nos mostrar os erros cometidos e de nos permitir a volta a um destino como povo, se esse mesmo povo, por força dos laços biológicos, físicos, linguísticos e culturais for digno de destino próprio. É neste sentido e também com a pretensão de assinalar os dois centenários do evento que me proponho a reescreve-lo á nossa medida e limitado portanto á nossa geografia.

 A manhã de 26 de Agosto de 1810 nasceu de sol e o calor cedo começou a fustigar a pedra grossa da fortificação de Almeida, na Beira Alta. Feita para defesa da raia castelhana em tempos medievais, adaptou-se á época pouco sólida das invasões vindas de além Pirenéus e engrossou os muros com substancial arrogância e rigidez.

Á catorze dias que a guarnição defende heroicamente a praça-forte e as ajudas solicitadas ao exército anglo luso não surgem. Mesmo assim, depois do combate no Côa onde deixaram mortos, estão dispostos a continuar na defesa porfiada da vila, pesem as futuras dificuldades com os aprovisionamentos que se avizinham.

Ciudad Rodrigo caiu após 24 dias de cerco, Almeida vai no décimo quarto dia duma luta constante pela manutenção do baluarte beirão, o último obstáculo do caminho invasor. Em redor, Massena aquartelou os seus exércitos e entre ataques pontuais e algumas manobras de diversão aguarda a rendição da praça. É uma questão de tempo, pensa. Para lá dos bivaques, Trant e as suas milícias portuguesas ensaiam um combate de guerrilha contra os corpos napoleónicos sem resultados práticos e o grosso do exército luso-britânico comandado por Wellington afasta-se para os lados de Celorico, expectante entre vias da Beira Alta e Beira Baixa. É por uma delas que há-de caminhar o príncipe de Esseling nesta terceira tentativa de subjugar Portugal á vontade de Napoleão Bonaparte.

È então que subitamente, na vigilante calma da tarde quase crepuscular, sete horas, o inesperado acontece, um enorme estrondo faz ir pelos ares o paiol da pólvora situado no velho castelo medieval, onde se acoitam e juntam, em quantidade, armas, explosivos e munições. O mundo parou uns segundos no estrondo do rebentamento, mas á expansão do trovão que se arrasta por largos minutos junta-se depois a vida, gritos, vozes, ordens, correrias, enquanto voam pelo ar pedaços de material diverso entre pedras e telhas e destroços de edifícios. Ninguém sabe ao certo o que aconteceu no fim da tarde quente enquanto o fogo irrompe de dentro das muralhas antigas com grande violência. Não se escutaram tiros dum lado nem do doutro, nem o canhão rugiu em vómitos de morte. O sossego da guerra, paradoxo, era o que reinava antes, talvez que o fim de Agosto não convidasse á luta imposta, a morosidade das soluções impusesse algum descanso, enquanto os homens, sabendo o que fazer e como fazê-lo, se aquartelavam em expectativa correctamente arquivada. Só minutos após a perplexidade dá lugar ao medo, o espanto á organização defensiva e o instinto, ao viver.

  Aos de dentro, logo se tornou claro face á destruição patente na muralha fortificada que a resistência se tornara impossível e a capitulação com honra passou a ser, após este trágico instantâneo, a única alternativa aos valorosos defensores deixando assim abertas as entradas beirãs aos invasores. Se o armazém rebentou por descuido, por mecha sobreaquecida pelos raios do sol da tarde, por mazela ou sabotagem dum introduzido francófono não foi esclarecido. Nunca o viria a ser. Mas como o que não tem remédio, diz a populum vox , remediado está , Massena  aproveitou de mão beijada a desgraça da praça ,negociou  com alguma honra para a destroçada guarnição e tomou posse ,como lhe convinha, da fortaleza dois dias depois, a 28.

Festejou o facto como vitória. Está gravada na Place D’Etoile, em Paris entre dezenas de batalhas, combates e escaramuças que teve o grande exército, mas esta, sem honra nem glória perante a história, porque de facto a não teve.

Instalado do lado de dentro por troca com os nossos, ali permaneceu o general alguns dias após o que, deixando uma pequena guarda na praça  prossegue  o seu caminho com  o objectivo de tomar essa praça maior  que trazia por incumbência imperial , a resistente e teimosa fortaleza lusitana,  auxiliada e empurrada pelos  ingleses, apostados numa estratégia de abandono e desertificação, uma politica de terra queimada  como mais tarde faria Kutuzov na Rússia, enclausurando os franceses na falta de estruturas e viveres e por fim nas amarguras do clima.   Por isso mesmo, quando mais tarde chegaram ás Linhas de Torres, o exército era seguido por grande parte das populações, uma multidão de maltrapilhos miseráveis, esfomeados, estropiados, doentes, uma turba que servia de tampão, muitas vezes a jeito, entre a retaguarda anglo lusa e a vanguarda francesa, a cavalaria de Montbrun.

Não teremos jeito, nem vocação, nem dinheiro para recriar realidades históricas na quimera do cinema mas não andaremos longe, corrigindo as dimensões á relatividade, de ver a população retratada fielmente em muitas das fitas para salas e televisão que reconstroem a marcha do imperador sobre Moscovo. Esta é uma parte que se não recorda muitas vezes nas evocações do fenómeno, mas que se lembra aqui como lição da dita história, pois foi parte inseparável do drama das invasões e da população que as viveu de forma presente e activa entre mortes, dores e resignado sofrimento.

Acalmadas as Praças de Ciudad Rodrigo e Almeida, Massena encaminhou-se então para Viseu. O 2º corpo de exército, do general Reynier, por Sabugal e Guarda onde chegou a 18 de Setembro. O 6º corpo, de Ney, passado o rio Coa seguiu por Alverca e o 8º corpo de Junot em direcção a Pinhel donde seguiu para Viseu.

A 18 de Setembro encontram-se estes dois corpos na cidade beirã completamente abandonada. O 2º corpo ocupava entretanto Mangualde, donde seguiu depois para o Carregal do Sal ao mesmo tempo que os 6º e 8º tomavam a estrada de Tondela e Santa Comba Dão, um percurso difícil e demorado por caminhos que algumas vezes tiveram de ser abertos a pá e pica para possibilitar a passagem das carroças e carroções da artilharia imperial. Sob a pressão de Trant e suas milícias que ajudavam a atrasar a marcha militar como aconteceu na passagem do rio Criz. Aqui, destruídas as pontes, coube aos sapadores franceses construir nova passagem, o que atrasou o avanço e formou longas filas ao longo dos caminhos.

No dia 23 de Setembro os frades carmelitas do Buçaco começaram a ouvir e distinguir para os lados de Mortágua bastante tiroteio e quando ao cair da tarde se deslocaram curiosos até á Porta de Sula , a entrada nordeste do convento , divisaram á distância vários focos de incêndios em toda a região presumindo pois a chegada dos soldados.

Na época, chegada a estrada a Vale de Açores em percurso comum, dividia-se então em duas, a real, chamada estrada de Lisboa, dirigia-se a Coimbra dobrando a crista do Buçaco por Santo António do Cântaro, Palheiros, Botão e Fornos, outra, mais recente, dirigia-se de Mortágua ao lugar da Moura e dali subia á pequena aldeia de Sula para depois descer na vertente litoral, passando cinquenta metros abaixo e á direita da Capela das Almas em direcção ao Luso e á Mealhada onde entroncava na estrada real Lisboa /Porto. Da chamada estrada de Lisboa saia ainda após Vale de Açores, um outro caminho em péssimo estado, a partir do pequeno lugar do Alcordal e em direcção á Portela de Oliveira, Figueira de Lorvão e Celas.

Era entre as duas primeiras vias que faziam vida cenobítica desde o tempo dos Filipes os Frades Carmelitas Descalços. Ali mantinham á século e meio um deserto onde expiavam pecados seus e do mundo e procuravam pela humildade e simplicidade de vida alcançar a perfeição dos céus.

Vamos deixar os exércitos nos respectivos percursos em direcção ao Bussaco e tentar penetrar, com a boa vontade do nosso já conhecido Frei Jerónimo do Sacramento, dentro dos muros  para chegar ao Convento.

Luso, Fev.2010 ,FS. (200 anos da Batalhada do Bussaco)

  

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