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______BUÇACO______

TEXTOS ,SUBSÍDIOS, APOIO

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23
Abr11

PÁSCOA


Peter

                                                                                                                              

Esta imagem, feita em 11/01/2010 é o resultado dum temporal que

assolou a região. Hoje, continua a aguardar a reparação .

 

Este Buçaco de Vias Sacras  na hora das orações , é também do

desaproveitamento total. Não é com rezas domésticas que se

acena ao turista do dinheiro e a nova dimensão que lhe é dada

por algozes servirá apenas  algozes e familias.

Quando os sapateiros se poêm a tocar violino, o resultado é este.

Por falta de virtuosos tocadores a charanga vai nua e o circo

é uma pobreza.

A Mata continua por limpar em grandes extensões e ir à Cruz

Alta ou aos Moinhos de Vento não se pode dar de conselho a

ninguém, apesar do convite da paisagem e da excelência

do piso das estradas !!!!!!!Na cara,  amadorismo de compadres

para não destoar  do amadorismo do poder central que levou

isto á bancarrota.

Portas fechadas e cobrança de  entradas são a principal grande

obra que se pode atribuir  aos novos demolidores. E uns mecos

na Fonte Fria ,só lá faltam uns cobradores de charros

á beira da estrada,podia ser mais uma pequena fonte de

rendimento.Quanto ás  receitas das Ameias, do Serpa, ou do

Museu, presumo que não cheguem para pagar o ordenado

minimo dos porteiros.

Chegados assim à Páscoa, não sei se sucessivas Vias Sacras não 

farão parte das intenções da sua salvação , no reino dos céus!!

Quanto a turistas, mercê dessas iniciativas  que espevitam

a actividade, a propaganda e a cultura, prisioneiros incluidos,

é vê-los por um óculo!!!

Este ano nem a avalanche de espanhois do costume se

abalançou pelas auto estradas!!!! Àmen!


 

03
Fev11

CINE TEATRO AVENIDA


Peter

 

 

Foi nas vésperas do Natal que arranjei um espaço da tarde para ir ao cinema ao centro comercial, pouco há de fitas noutros locais deste país arregimentado sobre o monopólio político da união europeia e o monopólio cinematográfico de Hollywood. Noutros tempos ainda restava alguma liberdade de escolha e alguma identidade própria a esta boa gente da Lusitânia, para o fazer, hoje está tudo hipotecado, quer em ideias quer em obras, quer em dinheiro, a um mundo que é estranho ao nosso cerne mais intimo, coisa que também não se percebe muito bem o que seja.
Eram seis da tarde, comprei o bilhete junto com umas pipocas importadas na febre do consumismo desesperado onde vegeta o mundo e entrei numa das muitas salas, aquela onde se ia projectar a fita. Um paralelepípedo, mais ângulo menos ângulo, com um anfiteatro e umas escadas por onde subir. A meio do percurso estava sentada uma irmã religiosa com um hábito que me pareceu azul, ao lado duma senhora civil, digamos assim para abreviar a questão, únicas clientes preparadas para presenciar a sessão.
É normal, já tenho estado sozinho e sinto-me mal, ás vezes desisto mesmo por falta daquele ambiente acolhedor que tinham as velhas salas do Teatro Avenida, do Tivoli, do Sousa Bastos, no caso de Coimbra, mas retenho perfeitamente o S. Jorge, o Tivoli, o Monumental , o Politeama, o Restelo , entre outros, na Lisboa da década de sessenta e quando a ida ao cinema se fazia com encanto e uma certa cerimónia. Então na reciprocidade duma agradável companhia, era das coisas máximas que podiam acontecer.
Quando subi os degraus a irmã sorriu-me e cumprimentou-me, eu respondi ao seu aceno e sentei-me três ou quatro filas atrás. No silêncio que antecedia a obra atirei-me ao pacote das pipocas e substitui-o, a ele silêncio, pelo mastigar de roedor, mas entretanto entrou outra senhora, não irmã, não vestia hábito ou costume, e foi sentar-se umas filas atrás de mim. Éramos quatro á espera do início da sessão distribuídos em três grupos, admitindo, ainda que erradamente, cada espaça fazer um grupo. Estava portanto no grupo do meio, o das pipocas. Ou dos roedores.
Ora aconteceu que a sessão começou e esteve seguramente um quarto de hora sem haver imagens. Bem pregavam os anunciadores dos produtos que nos entravam no ouvido, mas imagens nada. Arrumei as pipocas no banco do lado, comentei com a irmã que algo estava errado e fui á bilheteira pedir que colocassem os bonecos, ao menos no filme, já que agora estamos sujeitos a meia hora de anúncios com a curiosidade de pagarmos para os ver ainda que não queiramos, como acontece comigo.
Cinco minutos depois, alguém situado no vazio do outro lado dos buracos da projecção, colocou a geringonça digital a funcionar e começou o filme. Tratava-se, como dizia o critico que me levou lá, dum belo filme francês, Dos Homens e dos Deuses, uma história equilibrada entre guerra e paz, vencedor do festival de Cannes, afinal uma excepção á regra  do monopolismo estado unidense da exibição em Portugal. No título e no guião, uma comunidade monacal do alto Atlas, a justificar a presença da religiosa que me cumprimentou tão simpaticamente. 
Voltei satisfeito por ter ido ver o que devia ser visto, ver o que me agradou, mas logo que cheguei á minha pacata vila, cada vez mais pobre , patética e pacata e dei de caras com o cinema que existiu noutros tempos e hoje é uma ruína, fiquei saudoso e  deveras desagradado com a entidade que o comprou, a câmara municipal, que o fez em nossa representação, isto é, com o nosso dinheiro e não deu um passo ainda pela sua reconstrução. Não deu nem vai dar, porque segundo me apercebo não consta do plano de actividades do ano que vai entrar uma verba senão para ter aberta a rubrica, um euro, um faz de conta que já conheço de ginjeira, já estamos habituados a ele, apesar da nossa terra proporcionar ao município uma receita anual de noventa a cem mil contos de mão beijada, uma importância de águas que câmaras anteriores conseguiram obter mas que a minha terra viu, e vê, por um óculo. Estranhamente, não se escuta um grito de protesto pela voz dos eleitos locais. É fácil perceber porquê.
Um edil da terra, ao contrário do que eu pensava, não adianta nada e assim, para dizer ámen e embatucar na importância não faz falta nenhuma. Sempre pensei e até manifestei em publico o pensamento de que era necessário, como continuo a pensar, que sempre seria melhor que nada, ter na autarquia um bom representante. A coisa não é bem assim, um yes man não faz falta em lado nenhum e nesta matéria o Luso é um muro de Jerusalém sem lamentações!
Passei com estes raciocínios pelo velho Teatro Avenida da minha infância tal qual como passo ás vezes pelo verão que enchia de fitas as semanas e os sábados de bailes. O cinema do Luso não tem história porque ninguém a escreveu, ninguém teve a curiosidade de guardar uns papeis velhos nas gavetas do tempo para lha construir, mas tem-na igual ou maior que muitas outras casas de província e como muitas estâncias termais, no tempo em que as termas se faziam e funcionavam com a dimensão das pequenas cidades em que se transformavam os lugares. Bem diferente dos tempos actuais que correm propícios á destruição e ao roubo e se baseiam na irresponsabilidade absoluta.
Por ali passou o grande Alves da Cunha, o grande António Silva, a grande Maria Matos.
A Maria Matos que esteve para levar para o Parque Mayer o meu segundo primo, o Álvaro, um grande artista cómico das revistas locais que a encantou em duas ou três rábulas de representação. Seu pai e meu tio-avô Ernesto, não permitiram a transferência e assim se fez gorar a oportunidade, para ele, filho, de vir a ser um artista nacional.
Se tivesse história escrita, este cinema, modesto em comodidades mas com uma arquitectura comum a muitas outras salas pelo país, seria grande na dimensão da minha terra, pois por ali passaram muitas das encenações locais que se fizeram durante dezenas de anos, até á altura em que a televisão destruiu implacavelmente o associativismo e a vida social de então.
Hoje há quem me peça para escrever sobre a sala de espectáculos. Estou muito longe de ser um José Hermano Saraiva, mas estes pedidos denunciam de facto que não há ninguém que defenda o património das termas, que os eleitos não estão á altura dos acontecimentos, que os problemas não são discutidos e muito menos resolvidos.
Que não há na vila uma sala para cinema, para teatro, para ensaios, para reuniões, para congressos! É verdade. Também lamento que ainda há pouco tempo um congresso sobre a Batalha do Bussaco fosse feito no teatro vizinho. Mas lamento igualmente que levem o pouco património existente, como livros, peças de mobiliário, medalhas e outras coisas mais que são parte da nossa essência, da nossa matriz, da nossa alma, para os arquivos da Mealhada. Um povo sem alma é o pior que há. Como lamento os disparates que se fazem no trânsito, a insensibilidade para os problemas do estacionamento, a vergonhosa situação da avenida do Castanheiro, a leviandade com que se deixam reduzir as termas a um terço do que eram, matando-as. A irresponsabilidade com que se ajudam a destruir as unidades hoteleiras em vez de as ajudar a viver, e o amadorismo curioso com que é tratada em família a Mata do Buçaco.
Mas que fazem os eleitos locais pela defesa da minha e nossa terra??? E quem foi que os lá colocou ?
Quem me pede para escrever, pergunte-lhes. Há que exercer esse direito de cidadania, igual para todos, como o acto de votar. Por mim, estou farto de escrever! Hei-de ser sempre o mau da fita???
Luso, Dezembro,2010                                            Buçaco.blogs.sapo.pt

13
Jan11

BUSSACO,NATAL QUE MATA


Peter

 

 

Cá me queria parecer que nada sabiam de turismo ou florestas. E particularmente da floresta do Buçaco.

Primeiro porque só quem não conhece o ciclo da Mata se aventura a fazer festas e arraiais em pleno Inverno, porque para isso o lugar é impróprio, incómodo e impossível. O Inverno da Mata do Buçaco, para quem conhece minimamente a floresta, é frio, diluviano, enevoado, húmido, inclemente e as noites sobretudo, são por consequência insuportáveis. Cabe aos mais bem aventurados haver um hotel de cinco estrelas e só ali, sinceramente, se poderá aguentar a regularidade do clima. Os frades não o tinham, recolhiam cedo ás celas e ao aconchego das ermidas. Coziam o pão nas fogueiras dos borralhos, como dizemos nós, os de baixo, quando as nuvens se arrebitam pelo costado da serra.

Daí que as festas, como a grande maioria das visitas, se guardem para o Verão, para a romaria da Ascensão, para o renascer da primavera e depois para o calores estivais quando em realidade a Mata se torna num sítio fresco e apetecível, mercê do lençol de água onde assenta o comprimento do corpo e daquela que, teimosa, lhe fura os órgãos e assoma á superfície. São as fontes, os ribeiros, os regatos onde nos apraz sossegar das queimaduras do estio.

Por outro lado, no Inverno este chão precisa que se encharque a serra, que apodreça a folhagem e se mantenha o húmus natural que dá força e vida á vegetação abundante. A floresta é viva, precisa de descanso e de tranquilidade, precisa de dormir para se recompor da carga demográfica do verão que lhe calcou a pele e lhe destruiu muito das entranhas. Por tal motivo precisa de tempo não de agressões. Como qualquer mortal, também o coberto vegetal precisa respirar e só assim quando chegar a primavera, renasce com força e com defesas para seguir para cima e se revestir de verdes. E continuar o caminho que quatro séculos atrás abnegados monges começaram. Com devoção e amor.

Falta a estes compadres de algibeira algum dinheiro na bolsa e muito caco no miolo e na ânsia de vender seja o que for, acabam por destruir aquilo que está. Fazem-no por ignorância, acredito, não nasceram para técnicos de florestas nem para tal se prepararam, tomaram conta do terreno como se fossem família ou se tratasse dum trono, ainda que, quero acreditar, um dia se esclarecerão os porquês! E tanto assim é que, na ganância do corte de pinheiros, foram abaixo por insensatez ou ignorância, não sabemos, vinte pés de azevinheiro, uma espécie protegida por lei, que subsiste e reproduz na encosta norte da serra o que, a par com as bolsas do Gerês, será dos locais onde melhor se pode conservar a árvore em extinção. Proibido por lei, o corte é crime, tanto quanto suponho extensivo a toda a gente, a não ser que algum decreto-lei desconhecido tenha isentado da própria alguns grupos sociais ou políticos, o que não me admiraria. De qualquer maneira ninguém se vai lembrar mais disto e naturalmente, como neste país é tudo natural para algumas pessoas, é a impunidade que vai fazer esquecer o acto.

Como o seria em relação á enorme fogueira que queriam atear frente ao hotel, se tivessem público para a saltar e que adiaram a tempo para não deitar fogo á Mata, mas na verdade, porque não apareceu ninguém.

A propósito não resisto a transcrever da internet o comentário dum visitante, talvez dos únicos, que se apresentou nos festejos e escreveu a sua

opinião no sitio do diário As Beiras, de Coimbra. Diz assim:

Fui ao Buçaco com a família ver o tal presépio ao vivo. Á entrada cobraram-me 5 euros para percorrer uma estrada cheia de lama e de árvores cortadas. Depois fui ao palácio, estacionei o carro e 30 minutos depois já estava de arrancada porque sinceramente, foi uma desilusão. Muito arcaico, sem brio ou interesse e ainda me queriam cobrar mais 2 euros por cabeça (somos 5 pessoas) para visitar o Convento. Nem uma casa de banho digna desse nome para apoio! Metemo-nos no carro e regressamos a Coimbra com a sensação de que fomos enganados.

Para além destes absurdos natalícios, este ano a Mata está fechada aos habitantes da região, aqueles que a visitam no inverno porque a Mata também é deles através dos impostos que pagam e que lhe acodem no calor do Verão se algum incêndio ameaçar avanço muros adentro. Essa cota parte, é pouco lúcido restringi-la por todas as razões. A febre do dinheiro não justifica passar por cima do respeito que se deve pelo menos ás gentes do município, para não ir mais longe. O tomar conta do espaço como coisa familiar não é correcto e abona pouco os autores desta proeza.

Não só se está a destruir o Buçaco físico, como o nome do Buçaco em termos de turismo. Os compadres, que na feira do Cartaxo já tinham dado um ar da sua graça, não aprenderam nada desde então.

Na demagogia duma propaganda laparota vejo escrito milhares de turistas de visita. Não os vi, mas muito mais significativo do que não os ver é que nenhum desses numerosos turistas fez uma dormida na freguesia do Luso nem no município, o mesmo acontecendo em relação a refeições ou outros gastos, nos limites cá de cima. Aí por baixo, talvez possuam oculares diferentes e vejam alguma coisa e caso não vejam, sempre podem inventar e inscrever na propaganda que pagamos.

De qualquer modo fica a pergunta: serão estes turistas que os especialistas da fundação procuram? Ou serão turistas da afundação?   FS

Buçaco.blogs.sapo.pt

 

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