UMA EXPOSIÇÃO
Quase setecentas pessoas visitaram no último domingo a exposição patente nos antigos escritórios da água do Luso que tem por tema , ‘Luzo Bussaco, Memória e História’. No livro destinado a esses mesmos visitantes , muitos deles deixaram mensagem de apreço e de estimulo , até de agradecimento pelo reavivar dum tempo de prazo médio que correspondeu a um fluxo de desenvolvimento e engrandecimento da estância termal do Luso que levou o concelho da Mealhada ao topo do conhecimento e fez confundir o Luso , concelho que não existe , com o seu concelho próprio.
Porque isto de não ser concelho seu e depender de guerras intestinas pensadas em casa alheia, tem que se lhe diga. Olhemos para Sintra , sede do concelho, e para o Luso. Olhemos para Òbidos, sede do concelho , e para o Luso . Olhemos para Marvão, sede do concelho, e para o Luso. Olhemos para Castelo de Vide , sede do concelho , e para o Luso. Olhemos para as Termas de S. Pedro do Sul, sede do concelho , e para o Luso. São alguns exemplos para concluir que muito tem perdido , no caso concreto, a Vila termal e turística do Luso , com o facto de ser um apêndice administrativo doutra localidade e consequentemente, não deter em si próprio o poder de gerir , decidir e dispor do seu património próprio e de vias autónomas de desenvolvimento .
Esta excelente exposição sobre a memória duma vila , sua gente e actividade, atesta a riqueza da terra , realça a força intrínseca que teve o Luso para se transformar , saltando duma pacata aldeia de água e de moinhos para uma estância termal de primeira qualidade transformando o simples lugarejo de moleiros numa pequena cidade cosmopolita , simpática e acolhedora.
Ali se podem ver dezenas de postais sobre o Luso e o Buçaco , primeiras edições do postal em Portugal em desenho e em fotografia , mas também objectos ligados á hotelaria, ás termas , á vida desportiva e cultural da vila , á propaganda turística , da primeira que se fez em Portugal , á água e sua venda , á guerra peninsular .
Projectos executados, como o Palace Hotel do Buçaco ou do Grande Hotel do Luso , estão a par de obras não levadas a cabo, como o cine teatro do Luso ou o primeiro estudo para o lago.
Trata-se dum repositório valioso reunido com a colaboração efectiva de pessoas e de empresas , um espólio a pedir classificação e um museu , o museu do turismo e da hotelaria , uma obra , como exemplifiquei atras, dependente de terceiros , pois o Luso não tem a autonomia nem o poder financeiro para decidir por si próprio escolhendo os seus próprios caminhos e sabe-se que infelizmente neste município , o conhecimento das coisas de turismo não passa por muitos responsáveis , sobretudo pelos autarcas eleitos na parte que lhes diz respeito.
Porém , o património , o now out, o saber fazer, estão bem patentes em todo o percurso desta mostra, rara no espaço do município e capaz de fazer pensar, refletir e procurar respostas e soluções para muitas perguntas que afligem hoje os homens do turismo. Porque essas soluções , essas vias , esses caminhos para prosseguir em frente, na hotelaria e turismo, como em tudo nos dias de hoje, têm que ser frutos da ambição, da criatividade e das apostas das gentes do sector , onde o público, quer estado, quer autarquias locais, tem uma responsabilidade acrescentada .
Quando constatamos que uma autarquia é incapaz de colocar a funcionar umas simples ‘barraquinhas’ para vender artesanato e actualizar de forma provisória um espaço há muito degradado , barraquinhas que estão há quase um ano montadas no seu lugar, ficamos de facto preocupados. O caso , para o sector do turismo, não é para menos. Se a esta incapacidade se juntar a promessa de recuperar o espaço a desimpedir, requalificar a zona central das termas e fazer cumprir o projecto Luso 2007 , o caso passa a ser dramático . E catastrófico se a política turística deste município prosseguir com o gastar de largas somas de dinheiro em campos de golf para freguesias sem aptidões para o turismo , projectos construídos á medida dos interesses dos políticos eleitos, sem qualquer razoabilidade , sem qualquer estudo económico e sem qualquer perspectiva de futuro.
Percebe-se um campo de golf na Figueira da Foz, em Mira , em Monte Real , no Buçaco ou na Curia . Em Barcouço , na Antes , na Pampilhosa , apenas por loucura política ou por brincadeira que ficará bem cara ao futuro do município.
É preciso ter o sentido do interesse regional dentro do sector especifico que é o turismo , um potencial gerador de riqueza , não um tranpolim para satisfações pessoais. Para isso, bastam as plataformas ferroviárias que, mesmo sem aprovação de ninguém, se podem justificar para levar mais adiante. Mas aí, ficam pelo menos os terrenos para governo dos vindouros.
Para os munícipes interessados, uma visita á exposição atrás citada , é um momento bem passado , uma memória bem lembrada , um culto de município . Numa escala de vinte, face aos meios , dezoito valores. Excelente.
PS-Um conselho , de preferência façam a visita com tempo e aos dias de semana , que ao sábado e domingo pode-se encalhar na confusão do trânsito .
F.S. Agosto,2006