PORTA DO LUSO
Peter
A Porta do Luso (ex-Serpa) da Fundição Perseverança colocada em 1860
178- PORTA DO SERPA E DO LUSO
Em 1860 era a porta do Serpa de que falamos no post anterior estreita e acanhada e já não suportava o movimento que desde a sua abertura, cerca de vinte anos antes, tomara como entrada principal, enquanto as duas antigas portas, de Coimbra e de Sula, perdiam a sua primordial importância. A pequena Porta do Serpa e a Porta da Rainha, esta desentaipada desde 1852 eram agora por onde mais gente entrava na Mata, mercê da expansão do termalismo e da elevação progressiva do Buçaco a estância de repouso. Isto levou á remodelação da velha Porta do Serpa que em 1866 foi alargada e dotada dum moderno portão em ferro, fundido em Lisboa pela Companhia Perseverança, mestres da fundição em Portugal. Um pórtico com grades em ferro, pilastras e cantarias, as armas Reais e as armas do Carmelo a encimar a obra de arte e a definir a autoridade e a propriedade da floresta. Foi rebaptizada a porta com o nome de Porta do Luso, que abria para um terreiro espaçoso que passou depois a dar acesso á nova estrada da meia encosta que rasgada sobranceira ao Vale de S. Silvestre, passou a proporcionar um melhor acesso aos muitos visitantes do extinto mosteiro.
Ao movimento oferecido pela estância de repouso situada no âmago da floresta junta-se entretanto o dos aquistas das Termas do Luso que no ano de 1852, quando se começaram a registar e contabilizar os dados, foram 498 e no ano seguinte 602, curiosamente mais banhistas que no ano recente de 2013. Em 1856, o número de termalistas subia para 1447, portanto seis anos após a instalação da primeira Comissão dos Banhos do Luso em 27 de Fevereiro de 1850. Esta população estival repartia-se entre o Luso e o Bussaco e veio a crescer até aos quatro mil utentes nos melhores anos de exploração.
Fotografia do Luso na segunda metade do séc.XlX onde se pode
ver a Igreja e o edificio do Conde da Graciosa, à direita,
construido a partir do ano de 1859, hoje Hotel.
Em 1887 foram comprados e anexados à Mata os 15 hectares de terreno pertencentes ao Marquês da Graciosa, que fez erguer em 1859 um belo edifício destinado a casa de férias do dito conde, e que hoje é um soberbo hotel, o hotel Alegre. Foi a primeira casa nobre, digamos assim, construída no Luso. Com a adição dos novos 15 hectares feita pelos serviços florestais, o espaço intramuros veio a perfazer os 105 hectares actuais.
Este facto deu origem á alteração nos muros da Cerca antiga e a porta do Luso, ex-Serpa, no seu conteúdo físico foi transferida para a actual estrada de Penacova, metros antes do bairro dos Morgados, onde se encontra hoje em deplorável estado de ruína, igualando nesta matéria quase a totalidade do património nacional classificado do Buçaco. Chama-se oficialmente Porta do Luso, tal como se denominou nos seus derradeiros anos no sítio original, mas a população, mercê da representação de quatro aves no gradeamento do portão, baptizou o portão da Companhia Perseverança de Portão dos Passarinhos. Vamos voltar a falar dele no próximo post e documentar o estado ruinoso em que se encontra esta obra de arte da fundição nacional , mais um património a perder-se na inconsciência da pátria.